Download Fase do “Patinho Feio”: os caninos “empurram” os laterais?

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Fase do “Patinho Feio”: os caninos
“empurram” os laterais?
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Rev. Clín. Ortodon. Dental Press, Maringá, v. 5, n. 6 - dez. 2006/jan. 2007
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Forças intermitentes podem ser convenientes no tratamento ortodôntico
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Figura 1 - Fase do “patinho feio”: as coroas dos incisivos superiores estão divergentes e voltadas para distal, com posicionamentos e diastemas irregulares,
esteticamente indesejáveis. A erupção dos caninos superiores participa na geração de vetores de crescimento que promovem uma reacomodação e alinhamento
dos incisivos em posição estética e funcionalmente favorável.Os caninos não “empurram” os incisivos pelo contato direto com o lateral superior (Caso gentilmente
cedido pelo Prof. Dr. Décio Rodrigues Martins).
pidos vizinhos e próximos acontece, freqüentemente, na
ções dentárias dos dentes anteriores superiores se corri-
região dos terceiros molares inferiores, às vezes, compro-
gem naturalmente, sem intervenção do profissional.
metendo severamente a estrutura dos segundo molar, a
O tamanho da maxila e da mandíbula de uma crian-
ponto de levar à sua perda. Nos incisivos laterais superio-
ça, quando comparado ao do mesmo adulto, é muito
res, quando falta espaço para o canino irromper, freqüen-
pequeno. Os germes dentários já estavam nestes pe-
temente promove-se reabsorção radicular lateral.
quenos maxilares. O crescimento maxilar e mandibular
Em síntese: quando um dente não irrompido se apro-
gera muitas forças de pressão e tensão que direcionam
xima e o folículo pericoronário de sua coroa entra em
o aumento, alargamento e determinam as suas formas
contato com a raiz do dente vizinho, lesando a camada
finais: estas forças são denominadas vetores de cresci-
cementoblástica, haverá reabsorção radicular, muitas
mento.
vezes severa e até com perda dentária.
Na parte anterior da maxila, os caninos devem con-
Assim sendo, não tem fundamentação biológica e clí-
tribuir muito para a geração dos vetores de crescimen-
nica afirmar que o canino superior “empurra” o incisivo
to, em função de seu tamanho, comprimento, posição
lateral na fase do “patinho feio” e que, por isso, as posi-
e época de formação. Quando de seu movimento de
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Alberto Consolaro
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Figura 2 - Na fase do “patinho feio”, as coroas dos caninos superiores não tocam diretamente a superfície radicular dos incisivos laterais, muito embora a imagem, por superposição, sugira este contato direto entre as duas estruturas (Casos gentilmente cedidos pelo Prof. Dr. Décio Rodrigues Martins).
erupção, os vetores de crescimento maxilar, inclusive
Afirmar que os caninos “empurram” os laterais na
os associados ao canino superior, deslocam os incisivos
fase do “patinho feio” faz parte apenas da imaginação,
centrais e laterais, bem como outras estruturas, reposi-
para explicar porque os dentes anteriores superiores se
cionando-os e corrigindo o aspecto de “patinho feio”.
reposicionam, confirmando a fábula que tem final feliz,
São os vetores de crescimento associados e atuantes à mesma época de formação dos caninos superiores
pois um lindo cisne surgirá. Mas os verdadeiros “magos”
desta história são os vetores do crescimento maxilar.
que movimentam e reposicionam os incisivos centrais e
laterais superiores na fase do “patinho feio”. Se fossem
os caninos que “empurrassem” os laterais, estes seriam
reabsorvidos. Em sua raiz, os cementoblastos não resistiriam à pressão física da coroa do canino. A coroa do
canino e a raiz do lateral não se tocam, não se contatam, e isto carece de fundamentação biológica.
A fase do “patinho feio” representa um momento,
uma fase do crescimento maxilar e posicionamento
dentário; sua correção não depende do contato físico
Nota do Autor: aos interessados em conhecer na íntegra a fábula do
Patinho Feio de Hans Christian Andersen (1.805-1.875), acessar o site:
http://www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=8
entre canino e lateral superiores, mas sim de vetores
de crescimento, de cuja geração participam também os
caninos (Fig. 2). Se o contato entre estes dentes acontecesse, o incisivo lateral sofreria reabsorção radicular.
Prof. Dr. Alberto Consolaro
Professor Titular em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia
de Bauru - FOB-USP - e-mail: [email protected]
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