Download Quadro respiratório em pacientes HIV no PS

Survey
yes no Was this document useful for you?
   Thank you for your participation!

* Your assessment is very important for improving the workof artificial intelligence, which forms the content of this project

Document related concepts
no text concepts found
Transcript
Fluxograma sistema respiratório
Lucieni Conterno & Oscar Chagas
QUADRO RESPIRATÓRIO EM PACIENTES HIV
Pacientes com infecção pelo HIV possuem risco maior que a população geral para
desenvolverem Pneumonia, Tuberculose, além dos quadros específicos da imunodeficiência,
como Pneumocistose, Histoplasmose, criptococose .
Os quadros respiratórios, principalmente os infecciosos, são a principal causa dos atendimentos
realizados no Pronto Socorro da FAMEMA e geralmente há necessidade de internação.
A apresentação clínica dos quadros respiratórios pode ser muito semelhante, sendo
necessários vários exames para o diagnóstico definitivo.
Existe em geral uma relação entre as infecções respiratórias e o Nível de CD4:
CD4 < 200 cel/ml
Pneumocistose.
Pneumonia por Criptococo.
Pneumonia Bacteremiana.
Tuberculose
CD4 < 100 cel/ml
Pneumonia por Pseudomonas
aeruginosa
Toxoplasma gandii.
Sarcoma de Kaposi
CD4 < 50 cel/ml
Histoplasma capsulatum
Aspergillus
Citomegalovírus
Mycobacterium avium.
Questionar na história clínica
Duração dos sintomas:
Agudo – até 7 dias: a maior probabilidade é de Pneumonia Bacteriana.
Subagudo – entre 7 dias e 1 mês: a maior probabilidade é de Pneumocistose.
Crônico – Mais de 1 mês: a maior probabilidade é de Tuberculose ou Infecções fúngicas
Tosse e expectoração:
Seca ou com secreção hialina é comum na pneumocistose
Produtiva, ou purulenta é comum na pneumonia bacteriana ou tuberculose
Hemoptise: pode ocorrer na tuberculose.
Falta de ar: em repouso, aos esforços, progressiva sugere pneumocistose.
Sintomas constitucionais:
Febre e sudorese freqüente na pneumonia bacteriana, tuberculose ou infecções
fúngicas
Perda de peso pode ocorrer na Tuberculose e infecções fúngicas.
Quando há alterações do estado mental associadas ao comprometimento respiratório,
pensar em Toxoplasmose e Criptococose.
Linfonodopatia, odinofagia e alterações visuais podem ocorrer em quadros por
Citomegalovirose.
Investigar possível contato com pessoas portadoras de Tuberculose.
Profissionais de saúde, presidiários e moradores de rua estão sob maior risco desta
infecção.
No HIV a incidência de Tuberculose primária é maior que em outros grupos, quando é
mais comum casos de reativação.
Exame Físico
Identificar sinais de sepse ou de infecção respiratória grave:
Taquicardia: FC > 100 bpm; Taquipnéia: FR > 24ipm; Temp. > 37,8⁰C.
Oximetria de pulso: se SatO2 < 90% indica gravidade
Ausculta pulmonar: Estertoração, diminuição do murmúrio, sibilos.
Alterações na pele por infecções bacterianas, fúngicas, virais e neoplásicas podem estar
associadas com as alterações pulmonares.
Fundo de olho pode mostrar alterações virais, fúngicas e por micobactérias.
Exames a serem solicitados
Todo paciente com HIV e quadro respiratório moderado/grave ou em sepse deve ser solicitado:
RaioX de Tórax;
Hemograma, DHL, Uréia, Na, K, glicemia;
DHL normal: torna o diagnóstico de Pneumocistose improvável.
DHL elevado: ocorre na pneumocistose e em menor nível na Tuberculose.
Gasometria Arterial:
Hipoxemia sugere pneumocistose (se <70mmHg indica severidade da doença e
necessidade de corticosteróides) ou Pneumonia grave.
2 Hemoculturas: pode diagnosticar a etiologia da Pneumonia bacteriana
Pesquisa de BAAR e fungos no escarro.
Quando a tosse for seca, sem expectoração estimular a produção de escarro através
de nebulização com solução salina hipertônica.
Tomografia de Tórax:
Útil quando se suspeita de Pneumocistose e radiografia normal (padrão de vidrofosco)
Útil para avaliar derrame pleural, adenomegalia intratorácia, nódulos pulmonares e
cavitações.
Avaliação de Gravidade
Pacientes com os seguintes sinais de gravidade tem necessidade de internação
1. CD4<200cel/ml (se disponível).
2. Oximetria de pulso < 90% ou pO2 < 70mmHg .
3. Comprometimento bilateral ou multilobar.
4. Sepse grave:
•
•
•
•
Débito urinário < 0,5 ml/kg/h em 2h ou Creatinina > 2 mg/dl.
Acidose metabólica inexplicada.
PH ≤ 7,3 com BE ≤ 5.
Déficit de base > 5 meq/l.
Lactato plasmático > 1,5 valores normais.
Saturação Venosa de Oxigênio < 70%.
Hipotensão:
PA sistólica < 90mmHg ou queda maior que 40mmHg.
Disfunção orgânica não explicada
Alteração do estado mental nova ou Escala de Coma de Glasgow < 13.
•
Bilirrubinas > 3mg/dl.
Plaquetas < 100.000
INR > 1,5 ou TTPa > 60 segundos.
Glicose > 150 em pacientes não diabéticos.
Choque Séptico: Hipotensão refratária apesar da ressuscitação volêmica adequada, associada
com disfunção de órgãos.
Realizar ressuscitação Volêmica: 20-40ml/kg EV em 30min. Repetir se necessário 2-3 vezes,
avaliando periodicamente FC, FR, FC, Diurese e Ausculta pulmonar.
Diagnósticos Diferenciais
Tempo de duração
dos sintomas
Tosse seca
Expectoração
purulenta
Pneumonia
Bacteriana
Pneumocistose
Tuberculose
Agudo ( 7 dias)
Sub-agudo ou Crônico
Crônico
7 a 30 dias
>30dias
Presente
Pode ocorrer
Ausente. Se presente
pensar
em
PNM
associada
Pode ocorrer
Pode ocorrer
início
Presente
no
Febre
Presente
Geralmente ausente
Noturna com calafrios
Raio X
Consolidação lobar
ou
segmentar,
usualmente
unilateral.
Padrão
intersticial
peri-hilar
Consolidações
segmentares e unilaterais.
Cavitações e derrame
pleural
podem
estar
presentes
reticular,
simétrico
CD4
>200
Aspecto de vidro fosco
na TC
< 200
DHL
Baixo
Alto
pO2
Baixo
nas
pneumonias graves.
<
70mmHg
indica
gravidade e necessidade
de corticóide.
Qualquer valor de CD4
Pode estar aumentado
Manejo
1.
Sintomas Agudos <1 semana
1.1.Raio-X Normal
IVAS
1.2 Raio-X Alterado
PNM Bacteriana mais provável que
Tuberculose e Pneumocistose
2. Sintomas crônicos 7-30 dias
2.1 Raio-X Normal
Pneumocistose mais provável que Tuberculose
OBS.: Checar DHL, pO2, Pedir pesquisa de BAAR
2.2 RaioX Alterado
Intersticial, Difuso Bilateral, Peri-hilar :
Pneumocistose
Raio-X Consolidação Localizada: Tuberculose
Sintomas Agudos (<1 semana)
1.1. Radiografia Normal:
IVAS
Se persistirem os sintomas solicitar T.C. tórax e considerar
Pneumocistose.
1.2. Radiogragia alterada:
Pneumonia bacteriana mais provável que Pneumocistose e
Tuberculose.
Considerar internação e se suspeitar de Pneumocistose. Sempre
investigar Tuberculose.
2. Sintomas sub-agudos/crônicos (>1 semana)
2.1 Radiografia normal
Pneumocistose mais provável . Secundáriamente pensar em
Pneumonia e Tuberculose.
Sempre investigar Tuberculose.
Iniciar tratamento empírico para Pneumocistose, particularmente se
DHL elevado e hipoxemia presente.
Se clínica mista ( expectoração presente ) iniciar tratamento para
Pneumocistose e Pneumonia.
2.2 Radiografia com infiltrado alveolar
2.2.1 Se tosse sem expectoração iniciar investigação específica e tratamento
específico para Pneumocistose e Pneumonia.
2.2.2 Se tosse com expectoração iniciar tratamento empírico para Pneumonia
e considerar investigação de Tuberculose.
Tratamento
Primeira opção
Pneumocistose
Trimetoprin/Sulfametoxazol:
15-20mg TMP/kg/dia EV (3-4 ampolas em SG5% 250ml de 8/8 ou 6/6h) 21 dias.
Quando PaO2 < 70mmHg em ar ambiente ou gradiente alveolar/arterial de O2
> 35 mmHg.
Prednisona 40mg 2x/d até o quinto dia, 40mg/dia até o décimo e 20mg/dia até
completar 21 dias.
Tuberculose
Rifampicina+ Izoniazida + Pirazinamida+ Etambutol ( 150/75/400/275)
Coxip 4 ( 36 a 50kg = 3 comprimidos; >50kg = 4 comprimidos).
Pneumonia
Bacteriana
1.Casos leves a moderados:
Ampicilina+( Azitromicina ou Doxiciclina )
Amoxacilina clavulanato+( Azitromicina ou claritromicina)
2.Casos graves:
Ceftriaxone + Azitromicina
Não utilizar Fluorquinolonas até que o diagnóstico de
excluído.
Sinais
gravidade
presentes
Tuberculose seja
de Instituir tratamento para Pneumocistose e Pneumonia.
Referências
1. Everett Charles K., Fei Matthew W., Huang Laurance. Respiratory Emergencies in HIVInfected Persons. Emergency Medicine Clinics of North America, vol.28, p.283-298, 2010.
2. Ronald D. Wilcox. HIV in the emergency department. In: Ellen M. Slaven, Susan C. Stone,
Fred A. Lopez, editors. Infectious diseases, emergency department, diagnosis and
management. McGraw Hill, medical publishing division; 2006. p.440-450.
3. Peter DeBlieux, Claudia Barthould. Community-Acquired Pneumonia and Bronchitis. In:
Ellen M. Slaven, Susan C. Stone, Fred A. Lopez, editors. Infectious diseases, emergency
department, diagnosis and management. McGraw Hill, medical publishing division; 2006.
p.75-90.
4. Juzar Ali. Tuberculosis. In: Ellen M. Slaven, Susan C. Stone, Fred A. Lopez, editors.
Infectious diseases, emergency department, diagnosis and management. McGraw Hill,
medical publishing division; 2006. p.91-111.
5. Gerald R. Donowitz. Acute pneumonia. In: Gerald L. Mandell, John E. Bennett, Raphael
Dolins, editors. Mandell, Douglas, and Bennett’s principles and practice of infectious
diseases, seventh edition. Philadelphia, Churchill livingstone – Elsevier; 2010. p.891-916.
6. Robert’s Munford, Anthony F. Suffredini. Sepsis, severe sepsis and sepsis shock. In: Gerald
L. Mandell, John E. Bennett, Raphael Dolins, editors. Mandell, Douglas, and Bennett’s
principles and practice of infectious diseases, seventh edition. Philadelphia, Churchill
livingstone – Elsevier; 2010. p.987-1010.
7. Paul E. Sax. Pulmonary manifestation of human imunnodeficiency virus infection. In:
Gerald L. Mandell, John E. Bennett, Raphael Dolins, editors. Mandell, Douglas, and
Bennett’s principles and practice of infectious diseases, seventh edition. Philadelphia,
Churchill livingstone – Elsevier; 2010. p.1737-1744.
8. Henry Massur. Management of opportunistic infections associated with human
imunnodeficiency virus infection. In: Gerald L. Mandell, John E. Bennett, Raphael Dolins,
editors. Mandell, Douglas, and Bennett’s principles and practice of infectious diseases,
seventh edition. Philadelphia, Churchill livingstone – Elsevier; 2010. p.1855-1886.
9. Donald E. Craven, Alexandra Chrouneou. Nosocomial pneumonia. In: Gerald L. Mandell,
John E. Bennett, Raphael Dolins, editors. Mandell, Douglas, and Bennett’s principles and
practice of infectious diseases, seventh edition. Philadelphia, Churchill livingstone –
Elsevier; 2010. p.3717-3724.
10. Boyton R.J. Infectious lung complications in patients with HIV/AIDS. Current Opinion on
Pulmonary Medicine; vol.11, p.203, 2005.
11. Kanmogne G. D. Noninfectious pulmonary complications of HIV/AIDS. Current Opinion on
Pulmonary Medicine; vol.11, p.208, 2005.
12. Grubb J. R., Moorman A. C., Baker R. K., Masur H. The changing spectrum of pulmonary
disease in patients with HIV infection on antiretroviral therapy. AIDS; vol.20, n.1095, 2006.
13. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
Epidemiológica. Manual de recomendações para o controle da tuberculose no Brasil –
Brasília, 2011.
14. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Diretrizes brasileiras para pneumonia
adquirida na comunidade em adultos imunocompetentes – 2009. Jornal Brasileiro de
Pneumologia, vol. 35, ed. 6, p. 574-601, 2009.
15. Comissão de Tuberculose da SBPT, Grupo de Trabalho das Diretrizes para Tuberculose da
SBPT. III Diretrizes para Tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
Jornal Brasileiro de Pneumologia, vol. 35, ed. 10, pag. 1018 – 1048, 2009.
16. The Surviving Sepsis Campaign: Results of an international guideline-based performance
improvement program targeting severe sepsis . Critical Care Medicine, vol. 38, ser.2, pag.
367-374, February 2010.
17. Diane E. Stover. Approach to the HIV-infected patient with pulmonary symptoms. In:
Barbara H. McGovern, editor. www.uptodate.com, visited on may of 2011.
18. Barbier F., Coquet I., Legriel S., et al. Etiologies and outcome of acute respiratory failure in
HIV-infected patients. Intensive Care Medicine; vol.35, n.10, p.1678–1686, 2009.
19. Mandell L. A., Wunderink R. G., Ansueto A., et al. Infectious Disease Society of
America/American Thoracic Society Consensus Guidelines on the management of
community-acquired pneumonia in adults. Clinical Infectious Diseases; vol.44, p.27–72,
2007.