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ISSN 1413-3555 Vol. 8 No. 2004 Vol. 8, No. 3 (2004), 207-213 Rev. bras.3,fisioter. ©Revista Brasileira de Fisioterapia Variabilidade da Freqüência Cardíaca em Repouso 207 AVALIAÇÃO DA VARIABILIDADE DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA EM REPOUSO DE HOMENS SAUDÁVEIS SEDENTÁRIOS E DE HIPERTENSOS E CORONARIOPATAS EM TREINAMENTO FÍSICO Novais, L. D.,1,2 Sakabe, D. I.,1 Takahashi, A. C. M.,1 Gongora, H.,1 Taciro, C.,1 Martins, L. E. B.,3 Oliveira, L.,1 Silva, E.,1,4 Gallo Jr., L.5 e Catai, A. M.1 1 Núcleo de Pesquisa em Exercício Físico, Departamento de Fisioterapia, UFSCar, São Carlos, SP, Brasil 2 Departamento de Fisioterapia, Faculdades Federais Integradas de Diamantina, FAFEID, Diamantina, MG, Brasil 3 Laboratório de Fisiologia do Exercício, Faculdade de Educação Física, UNICAMP, Campinas, SP, Brasil 4 Faculdade de Ciências da Saúde, FACIS, UNIMEP, Piracicaba, SP, Brasil 5 Laboratório de Fisiologia do Exercício, Divisão de Cardiologia, Departamento de Clínica Médica, FMRP, USP, Brasil Correspondência para: Luciana Duarte Novais, Alameda das Goiabeiras, 234, Parque Faber, São Carlos, SP, CEP 13561-260, e-mail: [email protected] Recebido em: 26/1/2004 – Aceito em: 8/9/2004 RESUMO O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar a variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) em repouso supino e sentado de 10 homens de meia-idade saudáveis (SA), 9 hipertensos (HA) e 9 com infarto do miocárdio (IM), com idade média de 52, 62 e 56 anos, respectivamente. Os voluntários SA não praticavam atividade física freqüentemente e os voluntários HA e IM participavam de um programa de treinamento físico aeróbio (TFA) há aproximadamente 3 anos. A freqüência cardíaca (FC) e os intervalos RR (iR-R – ms) foram coletados durante 900 s nas posições supina e sentada, e os voluntários foram orientados a manter-se em repouso. Para a análise dos dados de domínio do tempo (DT), foi utilizado o índice RMSSD dos iR-R (ms). Para o domínio da freqüência (DF), foi aplicado um modelo auto-regressivo e obtidas as bandas de freqüência muito baixa (MBF), baixa (BF) e alta (AF), sendo os componentes BF e AF expressos em unidades normalizadas e na razão BF/AF. Foram utilizados os testes estatísticos não-paramétricos de Wilcoxon, de Kruskall-Wallis e pos-hoc de Dunn. O nível de significância foi de α = 5%. Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nos índices de VFC, avaliados no DT e no DF nas condições supino e sentado, nas comparações inter e intragrupo. Os resultados mostram que a ausência de diferenças entre os grupos estudados pode estar relacionada aos efeitos do TFA realizado pelos HA e IM, comparativamente aos SA. Palavras-chave: variabilidade da freqüência cardíaca, sistema nervoso autônomo, hipertensão arterial, doença da artéria coronária. ABSTRACT The aim of this study was to assess and compare the heart rate variability (HRV) during resting conditions in supine and sitting positions of 10 middle-aged healthy men (HM), 9 hypertensive men (HYM) and 9 men with coronary heart disease (CHDM), mean ages of 52, 62 and 56 years, respectively. The HM volunteers were not engaged in regular physical exercise activities, while the HYM and CHDM volunteers had been engaged in aerobic physical training (APT) for approximately 3 years. Heart rate (HR) and R-R intervals (R-Ri-ms) were collected during 900s in supine and sitting positions. RMSSD index of R-Ri (ms) was used for time domain data analysis; for frequency domain analysis, an auto-regressive model was applied to HR data, which gives very low, low (LF) and high frequency (HF) bands. The LF and HF bands were expressed as normalized units and LF/HF ratio. Non-parametric tests (Kruskall-Wallis, Dunn post-hoc and Wilcoxon tests) were used. Level of significance a = 5%. No significant differences were found in intergroup and intragroup comparisons for HRV indexes in supine and sitting positions for both time and frequency domains. Our findings showing an absence of statistically significant differences amongst the three groups studied could be related to the effects of APT on HYM and CHDM compared to HM. Key words: heart rate variability, autonomic nervous system, arterial hypertension, coronary artery disease. 208 Novais, L. D. et al. INTRODUÇÃO As flutuações periódicas da freqüência cardíaca (FC) e da variação dos intervalos R-R (iR-R) do eletrocardiograma estão relacionadas às influências do sistema nervoso autônomo no coração.1,2 Tais flutuações, conhecidas como variabilidade da freqüência cardíaca (VFC), contribuem para a manutenção da homeostase no organismo.3,4 A VFC é uma das mais confiáveis e acessíveis fontes de informação sobre a integridade da modulação do sistema nervoso autônomo sobre o coração5 e tem sido investigada tanto em indivíduos saudáveis2 e atletas,6 assim como em portadores de patologias.7,8 Dentre os métodos para avaliar a VFC, o mais simples é a medida no domínio do tempo (DT), onde a freqüência cardíaca em qualquer ponto no tempo ou intervalos R-R (iRR) correspondentes são determinados. Tal medida baseiase em cálculos estatísticos simples realizados nas séries de iR-R.5,9 Outra forma é a análise do domínio da freqüência (DF), que, por meio da análise espectral, decompõe a VFC em componentes oscilatórios fundamentais, sendo que os principais são: componente de alta freqüência (AF), com variação de 0,15 a 0,4 Hz, que corresponde à modulação respiratória e é um indicador da atuação do nervo vago sobre o coração;5,10 componente de baixa freqüência (BF), com variação entre 0,04 e 0,15 Hz, que é decorrente da ação conjunta do componente vagal e simpático sobre o coração, sendo o componente simpático predominante,11 portanto, essa banda de freqüência tem sido utilizada como marcador da modulação simpática atuante no coração;3,5 componente de muito baixa freqüência (MBF), com variação entre 0 e 0,04 Hz, cuja explicação fisiológica não está bem definida e parece estar relacionada ao sistema renina-angiotensina-aldosterona, termoregulação e tônus vasomotor periférico.3,5,11 Alguns estudos têm demonstrado que uma forma de caracterizar o balanço simpato-vagal seria a utilização da razão BF/AF, que reflete as interações absolutas e relativas entre os componentes simpático e parassimpático do sistema nervoso autônomo no coração.5,10 Outra forma de análise seria normalizar os dados para minimizar os efeitos das alterações da banda de MBF. Tal normalização se dá por meio da divisão da potência de um dado componente pela potência total, subtraída do componente de MBF e multiplicada por 100.5,8,10 Muitas condições podem levar à alteração da VFC, como envelhecimento, patologias cardiovasculares e prática regular de exercícios físicos. No caso do infarto agudo do miocárdio, a diminuição da VFC constitui um indicador de pior prognóstico.7 A VFC também apresenta grande índice de correlação com a mortalidade9 e tem sido freqüentemente utilizada para estratificar os pacientes com insuficiência Rev. bras. fisioter. coronária quanto ao risco de arritmias.12,13 Em um estudo comparativo entre pacientes saudáveis e com insuficiência coronariana, analisando a VFC em função da idade e do sexo, foi observada redução da atividade vagal nos pacientes com insuficiência coronariana, evidenciando redução na capacidade funcional do coração doente.14 Na análise da VFC em hipertensos, há um indicativo de que o balanço simpato-vagal está desequilibrado a favor do primeiro,9,10 uma vez que a redução nas flutuações pode estar associada ao aumento da atividade simpática no leito vascular.13 Por outro lado, alguns trabalhos mostram que a VFC pode ser modificada em função do treinamento físico aeróbio, tanto em sujeitos saudáveis6,15 como em portadores de hipertensão arterial,8 ou após infarto do miocárdio.16 No entanto, no estudo de Catai et al.,2 com homens saudáveis, de meia-idade, submetidos a treinamento físico aeróbio de curta duração (3 meses), não foram encontradas alterações na VFC, apesar da melhora da capacidade aeróbia. Considerando-se que a VFC tem se mostrado uma ferramenta de grande utilidade clínica na avaliação da função neurocardíaca e que a fisioterapia emprega programas de treinamento físico como parte do tratamento fisioterapêutico preventivo e curativo de doenças cardiovasculares, e por ainda existirem discordâncias quanto aos efeitos do treinamento físico avaliado por meio da VFC, é que o objetivo do presente estudo foi avaliar e comparar a variabilidade da freqüência cardíaca em repouso supino e sentado de homens de meia-idade divididos em três grupos: um de saudáveis sedentários e dois outros grupos de treinados, sendo um de portadores de hipertensão arterial e outro com infarto do miocárdio. MATERIAIS E MÉTODOS Voluntários Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Carlos (processo no 065/2002) e os voluntários, após concordarem em participar do experimento, assinaram um termo de consentimento formal de participação na pesquisa. Foram estudados 28 homens, sendo 10 saudáveis (SA), 9 portadores de hipertensão arterial (HA) e 9 portadores de infarto antigo do miocárdio (IM). A idade e as características antropométricas dos voluntários, expressas em média e em desvio-padrão, foram: idade = 52 ± 3,06, 62 ± 7,12 e 56 ± 5,49 anos; peso corporal = 73,10 ± 8,08, 86,14 ± 12,06 e 78,29 ± 8,95 kg; altura = 1,67 ± 0,04, 1,71 ± 0,05 e 1,68 ± 0,04 m; e IMC = 26,19 ± 2,82, 29,31 ± 3,50 e 27,88 ± 3,94 kg/m2, respectivamente. Os voluntários saudáveis praticavam atividade física esporadicamente com freqüência inferior a uma vez por semana e, por isso, foram caracterizados como sedentários, enquanto Vol. 8 No. 3, 2004 Variabilidade da Freqüência Cardíaca em Repouso os voluntários hipertensos e com infarto do miocárdio faziam parte de um programa de tratamento fisioterapêutico com treinamento físico há aproximadamente 3 anos, sendo composto de exercícios dinâmicos aeróbios aplicados numa freqüência de 2 a 3 vezes por semana, com uma hora de duração e intensidade que variou entre 70% e 85% da FC máxima atingida no teste de esforço de avaliação funcional. Foram incluídos no estudo somente voluntários hipertensos e com infarto do miocárdio que não faziam uso de medicamentos betabloqueadores, os quais interferem na resposta da VFC. Todos foram submetidos previamente a exames clínicos, incluindo anamnese, exame físico, eletrocardiograma em repouso e teste de esforço físico dinâmico máximo ou sintoma limitado com protocolo em degrau contínuo e a exames bioquímicos do sangue (colesterol total e frações, triglicérides, ácido úrico, uréia e creatinina) com finalidade diagnóstica. Os experimentos foram realizados num mesmo período do dia e no mínimo duas horas depois da última refeição. Os voluntários foram instruídos a ter uma noite de sono habitual na véspera dos testes e abster-se de bebidas alcoólicas e cigarro nesse intervalo. Protocolo Experimental Os experimentos foram realizados em ambiente com temperatura entre 21o e 23oC e umidade relativa do ar entre 40% e 60%. Foi realizada a familiarização dos voluntários com os equipamentos, pessoal, local e testes a que seriam submetidos. Os voluntários foram monitorizados em derivação MC5 modificada, com o eletrodo negativo posicionado no quarto espaço intercostal à esquerda do esterno (correspondente a V2), o positivo, no quinto espaço intercostal na direção da linha axilar anterior esquerda (correspondente a V5) e o neutro, no quinto espaço intercostal direito. O eletrocardiograma foi captado em tempo real a partir de um monitor cardíaco de um canal (ECAFIX TC500) e processado por meio de um conversor analógico digital Lab PC+ (National Instruments, CO.), que constitui uma “interface” entre o monitor cardíaco e um microcomputador (Pentium III). A partir do eletrocardiograma, os iR-R e a FC batimento a batimento foram calculados e armazenados utilizando um programa de processamento de sinais.17 Os voluntários foram orientados a se manterem em repouso, evitando conversar com os experimentadores. Após 600 segundos em repouso, iniciou-se a coleta da FC durante 900 segundos em cada posição: supina e sentada. Análise dos Dados Para a realização das análises, inicialmente foi feita uma inspeção visual da distribuição dos iR-R (ms) do ECG para a seleção dos trechos com maior estabilidade obtidos no período de coleta. 209 Para a análise no domínio do tempo, foi utilizado o índice RMSSD, o qual corresponde à raiz quadrada da somatória do quadrado das diferenças entre os iR-R adjacentes no registro divididos pelo número de iR-R em um tempo determinado menos um.18 Para análise no domínio da freqüência, foi aplicado um modelo auto-regressivo (AR) aos dados da série temporal. A ordem do modelo AR foi definida pelo critério de Yule-Walker, utilizando o detrend que elimina os componentes não-oscilatórios do espectro, implementado por meio de rotina específica desenvolvida para esse fim por meio do aplicativo S-PLUS for Windows 4.5, Professional Release 2, MathSoft, Inc. (1998). Por meio da análise espectral, foram obtidas as bandas de muito baixa freqüência (MBF), de baixa freqüência (BF) e de alta freqüência (AF). Neste estudo utilizamos as bandas BF (0,04 a 0,15 Hz) e AF (0,15 a 0,4 Hz), que melhor representam a atuação dos componentes vagal e simpático no controle da FC, sendo que os componentes BF e AF foram expressos em unidades normalizadas (BFun e AFun) e como a razão entre as áreas absolutas de baixa e alta freqüência (razão BF/AF). Análise Estatística Para a análise estatística da comparação intragrupo foi utilizado o teste de Wilcoxon para amostras pareadas, enquanto para a comparação entre os grupos foram utilizados os testes de Kruskall-Wallis para amostras não-pareadas, com post-hoc de Dunn para verificação do nível em que se deu a significância entre os dados. O nível de significância foi de 5% (p < 0,05). Os gráficos foram apresentados em boxplots com medianas, quartís (1o e 3o), valores mínimos e máximos, outliers e extremos. RESULTADOS Foi observado que os voluntários hipertensos apresentavam média de idade significativamente maior do que os voluntários saudáveis. Em relação ao grupo de infartados, não foram encontradas diferenças significativas dessa variável em relação aos demais grupos. Nas Figuras 1 a 3 estão apresentados os resultados da análise da VFC no domínio do tempo, a partir do índice RMSSD (Figura 1), e no domínio da freqüência, a partir das bandas BF e AF em unidades normalizadas (Figura 2) e da razão BF/AF (Figura 3) dos três grupos estudados nas posições supina e sentada. Podemos observar que na análise intragrupo, relativa à mudança da posição supina para sentada, não houve diferença estatisticamente significativa (p > 0,05), tanto na análise no DT como no DF. Da mesma forma, a análise dos índices de VFC, tanto na posição supina como na posição sentada, não mostraram diferenças estatisticamente significativas entre os 3 grupos estudados no DT e no DF. 210 Novais, L. D. et al. Rev. bras. fisioter. confirmando os achados de que o avanço da idade14,19,21 e a presença de cardiopatias, como infarto do miocárdio e hipertensão arterial, podem provocar alterações da modulação autonômica da freqüência cardíaca.9 No que se refere à VFC no DF, dados da literatura mostram que em sujeitos jovens saudáveis ocorrem alterações significativas relacionadas ao aumento da banda BF e na razão BF/AF, bem como diminuição da banda AF em decorrência da mudança postural.25 Da mesma forma, no trabalho de Jesus,26 que estudou homens e mulheres em uma faixa etária bastante ampla (de 19 a 45 anos), foram encontradas diferenças significativas na transição de supino para a posição ortostática nas bandas de freqüência mencionadas, tanto em valores absolutos como em dados normalizados, além da razão BF/AF. No presente estudo não encontramos diferença significativa na VFC no DF, com a mudança postural, nos diferentes grupos estudados. Nossos dados são discordantes dos trabalhos de Low et al.25 e Jesus,26 embora sejam suportados pela revisão de Perini,27 que mostra que, com o avanço da idade e o sedentarismo, as alterações nos índices espectrais da VFC em relação à mudança de postura passam a não ter significância estatística. Em decorrência do envelhecimento, ocorrem alterações do sistema cardiovascular, com mudanças estruturais e funcionais na sensibilidade dos tecidos, no sistema de condução cardíaca, nos vasos sanguíneos e barorreceptores, aumento da rigidez miocárdica e diminuição no enchimento ventricular, que vão refletir na hemodinâmica.28 Além disso, ocorrem alterações na modulação do sistema nervoso autônomo no coração,29 sendo, portanto, a idade um importante determinante da VFC.30 DISCUSSÃO No presente trabalho, utilizamos a VFC para avaliar a modulação autonômica cardíaca, por se tratar de um método não-invasivo, eficaz e de baixo custo. Estudos relatam importantes alterações da mesma em função da idade,14,19 do nível de condicionamento físico20,21 e da presença de fatores de risco para doença da artéria coronária (DAC)22,23 ou DAC estabelecida.4,7,9 Os voluntários hipertensos do nosso estudo apresentaram média de idade significativamente maior em relação ao grupo de voluntários saudáveis. Porém, não houve influência desta sobre a VFC observada pelos resultados obtidos no DT e no DF. Isso sugere que a prática de atividade física realizada por esse grupo pode ter sido responsável por manter uma VFC em valores similares a indivíduos com idades significativamente menores. Em relação à mudança postural da posição supina para sentada, ocorrem modificações das variáveis cardiovasculares em decorrência dos desvios hidrostáticos e das respostas reflexas causadas pelo deslocamento de sangue das extremidades superiores para as inferiores, diminuição do volume sistólico, aumento da FC para manutenção do débito cardíaco e da pressão arterial sistêmica, ativação dos mecanoceptores arteriais e cardiopulmonares e integração de informações periféricas e centrais. Também têm sido observadas variações na modulação vago-simpática envolvendo a ativação das vias eferentes simpáticas e menor atuação da eferência parassimpática para o coração.24 Na presente investigação, a análise intragrupo da VFC no DT (RMSSD dos iR-R em ms) não apresentou diferença significativa na mudança de posição de supino para sentado, 50 p = 0,79 RMSSD dos iR-R (ms) 40 30 20 p = 0,65 p = 0,69 Máximo Mínimo p = 0,99 75% 25% 10 Mediana 0 Outliers p = 0,87 Supino Sentado Saudáveis Supino Sentado Hipertensos Supino Sentado Extremo Infartados Figura 1. Valores do índice RMSSD dos intervalos R-R em milissegundos dos voluntários estudados nas condições de repouso supino e sentado. Vol. 8 No. 3, 2004 Variabilidade da Freqüência Cardíaca em Repouso 211 100 A p = 0,87 90 80 70 AF (un) 60 p = 0,82 p = 0,57 50 p = 0,32 40 30 20 10 p = 0,25 0 Supino Sentado Saudáveis Supino Sentado Hipertensos Supino Sentado Máximo Mínimo 75% 25% Mediana Outliers Extremos Infartados 100 p = 0,87 90 B 80 BF (un) 70 60 50 p = 0,32 p = 0,57 40 p = 0,82 30 20 p = 0,25 10 0 Supino Sentado Saudáveis Supino Sentado Hipertensos Supino Sentado Máximo Mínimo 75% 25% Mediana Outliers Extremos Infartados Figura 2. Valores dos componentes de baixa freqüência (BFun), em A, de alta freqüência (AFun), em B, em unidades normalizadas, dos voluntários estudados nas condições de repouso supino e sentado. Ainda, a presença de cardiopatias, bem como durante isquemia miocárdica ou infarto agudo do miocárdio podem levar a um decréscimo na atividade vagal e relativa predominância simpática. Assim, em estudos clínicos tem sido mostrado que a sensibilidade baroreflexa e a variabilidade da freqüência cardíaca estão reduzidas após infarto do miocárdio.12 Já na hipertensão arterial, a literatura refere um aumento da atividade simpática como fator determinante desta.3 Por outro lado, trabalhos sugerem que o treinamento físico aeróbio com exercício dinâmico realizado por período, intensidade e duração adequados pode alterar o balanço simpato-vagal no coração, tanto em condições de repouso como durante a realização de exercício físico dinâmico.1,31 Assim, Pagani et al.8 estudaram os efeitos de 4 meses de treinamento físico aeróbio em um grupo de hipertensos utilizando análise espectral para avaliar a VFC durante o repouso e o esforço físico, observando redução da modulação simpática simultânea ao aumento da modulação vagal após o período de treinamento físico. Há a hipótese de que a hipertensão arterial é fundamentalmente baseada no aumento da atividade simpática e na diminuição da atividade vagal. 212 Novais, L. D. et al. 10 Rev. bras. fisioter. p = 0,86 Razão BF/AF 8 6 4 2 Máximo Mínimo p = 0,32 p = 0,94 p = 0,49 0 Mediana p = 0,23 Extremos –2 Supino Sentado Supino Saudáveis Sentado Hipertensos 75% 25% Supino Sentado Outliers Infartados Figura 3. Valores da razão BF/AF dos voluntários estudados nas condições de repouso supino e sentado. Portanto, o reajuste do balaço simpato-vagal no coração com aumento da modulação vagal é uma das mudanças adaptativas na regulação neural produzida pelo exercício físico que pode ser observado pelo aumento da VFC dos hipertensos. Efeito similar tem sido descrito em alguns trabalhos em relação ao treinamento físico aeróbio aumentar algumas medidas da variabilidade da freqüência cardíaca em pacientes com insuficiência cardíaca32 ou pós-infarto do miocárdio.16 Dessa maneira, a semelhança de valores dos índices de VFC observada entre indivíduos saudáveis sedentários, hipertensos e portadores de infarto do miocárdio pode ser decorrente do programa de Fisioterapia Cardiovascular, que utiliza treinamento físico aeróbio realizado regularmente por estes dois últimos grupos, o que salienta a importância de instituir exercícios físicos aeróbios programados quanto à intensidade, freqüência e duração como parte da rotina desses pacientes. 3. Longo A, Ferreira D, Correia MJ. Variabilidade da freqüência cardíaca. Rev Port Cardiol 1995; 14(3): 241-262. 4. Ribeiro TF, Cunha A, Lourenço GCD, Marães VRFS, Catai, AM, Gallo Jr. L, et al. 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