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Estereótipo, preconceito e discriminação
 Uma profusão de estereótipos espalha-se por nossas vidas cotidianas. Há preconceitos
em todos os lugares e parece que eles não podem ser extirpados. A discriminação
provoca um imenso sofrimento individual e coletivo. Às vezes é de supor que a razão
humana foi abandonada de vez. Deixar o alcance da razão humana significa tornar-se
perigoso. Por isso é um desafio definitivo e um dever existencial tanto do cidadão
individual como também da sociedade inteira que vençamos as situações de conflito
promovidas por preconceitos e estereótipos.
 A paz neste mundo, a realização dos direitos humanos e o futuro dos nossos filhos
dependem da atitude que todos nós tomaremos diante das mais diversas formas de
violência cometidas contra indivíduos e grupos simplesmente por causa do fato deles
serem diferentes. Contudo, combater a discriminação não é uma tarefa fácil se
admitimos que cada um de nós tem seus preconceitos preferidos que criamos, nutrimos
e defendemos como bichos de estimação.
 Se fosse apenas uma questão de como acabar com nossos grilos, poderíamos deixar o
barco correr, mas cada preconceito é um bicho de sete cabeças, capaz de acabar com a
vida e os sonhos das suas vítimas. Ademais, sabemos bem que nossos preconceitos
tendem a recair sobre nós, os nossos e a nossa sociedade com a precisão de um
bumerangue. Vale a pena, então, explorar a vasta área dos preconceitos para conhecer
a mata em que vivemos.
 O ser humano, evidentemente, não sabe viver sem preconceitos. A pesquisa
empírica, conseqüentemente, não pode esquivar-se da ocupação com a função
social, as origens, os efeitos e as finalidades do comportamento preconceituoso.
Seus estudos devem analisar as mais diversas formas de preconceitos e os
campos da sua realização. É preciso observar as áreas sociais nas quais os
preconceitos e estereótipos atuam e mostrar que o objetivo principal não é a sua
extinção, mas desenvolver a arte de saber viver com eles.
 Antes de poder-se denunciar publicamente quando e onde os aspectos negativos
da vida ameaçam inundar os positivos, a meticulosidade sócio-científica requer
que alguns conceitos da pesquisa empírica sobre o preconceito sejam
explicados sem cair na tentação patética de querer salvar a humanidade.
 Sir Francis Bacon (1561-1626): “O ensino dos ídolos”
 Quatro tipos de “ídolos” (= ilusões):
 “ídolos da espécie humana” (inatas)
 “ídolos da caverna” (que dependem da situação de percepção)
 “ídolos do teatro” (que encontram-se na filosofia, literatura e na
ciência)
 “ídolos do mercado” (preconceitos da sociedade)
O estereótipo
 Uma definição:
 Um estereótipo constitui-se de um conjunto de convicções
quanto às características, qualidades e/ou comportamentos de
um grupo de pessoas.
 As teorias sobre a origem de estereótipos
 A teoria de aprendizagem social (a teoria de conflito)
 A teoria dos tipos de personalidades
(os motivos individuais e a índole autoritária)
 A teoria cognitiva
(a capacidade limitada para o processamento de informações)
 Dois tipos de estereótipos:
 Os estereótipos quanto ao grupo próprio
 Os estereótipos quanto ao grupo dos outros
 Alguns exemplos para estereótipos:
 raça, nação, etnia, sexo, profissão, idade, minorias
O preconceito
“Em todos os campos do pensamento, florecem duas culturas: uma
admira os preconceitos antigos e a outra os novos.” (A.Nowaczynski).
 Latim: praeiudicium = julgamento anterior, sentença anterior, opinião prévia,
juízo antecipado; investigação judicial realizada antes do processo para
determinar o status social dos litigantes.
 Um preconceito é um padrão de atitudes e avaliações que se baseia num
julgamento geral e injustificado, concebido de antemão e carregado de
emoções.
 A opinião provinda desse processo diz respeito a uma pessoa, um grupo, um
objeto ou uma situação real.
 Os preconceitos tendem a ser mantidos mesmo quando já foram desmentidos
por experiências racionais e novas informações.
 Exemplos: Os baianos são lentos. As mulheres são tagarelas. Os políticos
são corruptos. Preto que corre é ladrão. Ler um livro é coisa de viado.
 Na psicologia social, o termo refere-se a uma atitude hostil e de rejeição para
com as pessoas que pertencem a um outro grupo social ou étnico.
 Preconceitos fundamentam-se em estereótipos que representam imagens
coletivamente preconcebidas e padronizadas sobre os diferentes grupos sociais.
 Os preconceitos formam-se durante a socialização ou enculturação,
i.e., o processo de condicionamento e/ou de aprendizagem,
consciente ou inconsciente, formal e informal, mediante o qual um
indivíduo aprende os padrões gerais de sua cultura.
 Junto com esses padrões ele adquire necessariamente os preconceitos
do seu ambiente social que proporcionam sua orientação no mundo.
 As pessoas têm preconceitos porque foram educadas em
sociedades que estabelecem esses preconceitos como uma
faceta do sistema normativo da sua cultura.
 O preconceito, então, é incorporado na cultura através de
preceitos normativos
 Na hermenêutica (H.-G. Gadamer), o termo refere-se ao horizonte
de compreensão formado pelo conhecimento e a experiência de um
indivíduo.
 O que ultrapassa os contornos desse horizonte, por princípio, não
pode ser questionado, mas sem esse horizonte qualquer
compreensão ou construção de um sentido seria impossível.
Preconceito ou erro:
 Em ambos os casos observa-se um pensamento inadequado.
 Todavia, quem “erra” admite crítica. Ele reconhece a
possibilidade de estar “errado”, porque tem um interesse na
“verdade” do outro.
 Que tem um preconceito não se interessa por “outra verdade”. Ele
apenas procura afirmação.
 Muitas vezes, a pessoa que defende um preconceito ou um dogma
trem consciência de que seu pensamento não corresponde com os
“fatos”. Contudo ela insiste nesse pensamento e não admite crítica.
 Lendas e mitos, muitas vezes, são mais atrativos do que a realidade.
Preconceitos são mais confortáveis do que um ponto de vista crítico e
racional.
 Quando faltam argumentos, a propaganda ideológica, os chavões
populistas e as mentiras históricas se tornam as armas na luta pelo
poder político e econômico.
 Um dogma ou um preconceito, facilmente, transformam-se em
discriminação e/ou violência.
 A discriminação
 A discriminação, no sentido amplo, é um dos processos mais elementares e
abrangentes das atividades humanas.
 Visto como o processo através do qual nós respondemos de maneira
diferente a diferentes estímulos, a discriminação é praticamente
sinônimo de comportamento.
 Do ponto de vista cognitivo, discriminamos quando percebemos ou
marcamos os traços distintivos de alguma coisa.
 Esse tipo de discriminação é a condição prévia da discriminação social.
 Discriminar, nesse sentido, significa fixar diferenças no tratamento das
pessoas à base de categorias preconcebidas e indiferente as
características ou méritos individuais.
 A prática da discriminação categórica inclui qualquer comportamento que se
dirige contra uma pessoa, porque essa pessoa é vista como membro de um
certo grupo ou uma certa classe social.
 A diferença de tratamento percebe-se tanto pela aceitação de uns quanto
pela rejeição de outros, mas as ciências sociais sempre se interessaram mais
pelas diversas técnicas e modalidades que permitem prejudicar alguém ao
recusar-lhe o acesso aos resultados ou objetivos concedidos aos outros.
 A disciminação, portanto, é intimamente ligada às noções de justiça e
igualdade.
 A recusa de um tratamento igual pode tornar-se uma recusa de direitos
iguais como mostram os inúmeros casos de discriminação social, nos
quais os membros de uma certa categoria ou um certo grupo não gozam as
mesmas chances profissionais, o mesmo pagamento, a mesma moradia,
a mesma representação política ou o mesmo uso dos bens públicos.
 O ato de discriminação já é constituido pelo simples fato de que os
membros de um grupo majoritário e/ou privilegiado evitam o contato
pessoal com os membros do grupo minoritário e/ou menos privilegiado
e recusam-se a comunicar-se diretamente com eles.
 Quando um contato é inevitável, observa-se, geralmente, que os
representantes do grupo alvo não ocupam a mesma posição na hierarquia
social e discursiva e não tem direito de reciprocidade.
 Esta estrategia (intencional ou inconsciente?) de manter “os outros”
numa distância social ou numa posição mais baixa no estrato social
simplesmente por eles pertencerem a um determinado grupo abrange uma
grande variedade de comportamentos discriminatórios que, muitas
vezes, recorrem às possibilidades inerentes à linguagem.
 A discriminação, então, representa o elo entre o estereótipo e o
preconceito.
 Exemplos: Sexismo, racismo, etnocentrismo
As funções da discriminação social
 Separação
 Trata-se da operação básica de classificar demarcar e distinguir o “eu”
de “os outros”, o grupo próprio do grupo alheio ou uma entidade A de
outra não-A. O instrumento conceitual da separação é “traçar uma
linha” através de uma categorização ou classificação. O efeito dessa
operação é uma ordem estrutural.
 Distanciamento
 O simples ato de traçar uma linha entre A e não-A é indiferente quanto à
distância semântica ou social entre A e não-A. Contudo, a melhor
maneira de fazer distinções é colocar um espaço entre os conjuntos de
pessoas ou coisas que evidencia claramente a ordem estabelecida.
 Acentuação
 Quando formamos classes e distanciamos uma da outra, estabelecemos
distinções que antes marcam as dessemelhançãs do que as semelhanças.
Isso tende a resultar numa acentuação das diferenças entre as
categorias em questão. O efeito cognitivo da acetuação da
heterogeniedade é que a percepção e a memorização tornam-se mais
fáceis.
 Avaliação
 A discriminação social tende a desvalorizar o grupo alheio e, ao mesmo
tempo, - pelo menos implicitamente – a supervalorizar os valores do próprio
grupo e da própria identidade social (auto-engrandecimento)
 Fixação
 Quando discriminamos uma pessoa, não a tratamos como um indivíduo com
atividades diversas e estados em contínua mudança, mas como um caso ou
exemplo para uma categoria ou como um membro típico de um grupo alheio.
 Se alguém é tratado de uma maneira genérica, i.e., como substituível ou
intercambiável, é comum que nós atribuamos características pressupostamente
típicas a essa pessoa ou que classifiquemo-no através de um estereótipo.
 Em ambos os casos, o alvo dicriminado é prefixado e o discriminador esperará
dele um comportamento típico, i.e., altamente previsível.
 A economia psicológica que o invariável ou o permanente oferece em
comparação com o variável ou corrente é evidente:
 Se alguém ou alguma coisa é estereotipado nós sabemos com quem ou com
o que nós estamos lidando e como devemos nos comportar no futuro,
cada vez que encontrarmos um exemplo típico da categoria em questão:
Judeus serão judeus, mulheres, mulheres e homossexuais sempre serão
homossexuais.
A avaliação de grupos sociais
 A ligação entre estereótipo, preconceito e discriminação
sexismo
discriminação
racismo
etnocentrismo
estereótipo
preconceito
Há preconceitos sem discriminação e
discriminação sem preconceitos?
 Conforme o modelo tradicional da psicologia social, a discriminação
social é intimamente associada com os estereótipos e os preconceitos.
 Os estereótipos formam a base cognitiva do preconceito e o
preconceito, por sua vez, conduz para a discriminação.
 O problema nesse conceito íngenuo é o mesmo que temos quando
discutimos a relação entre atitude e comportamento.
 É possível que os estereótipos e preconceitos, de fato, sejam
identificados, mas, mesmo assim, os prejudicadores não precisam,
necessariamente, expor um comportamento discriminatório
observável.
 Do outro lado, é possível que pessoas discriminem outras sem
qualquer preconceito (percebível), por exemplo, quando alguém
se recusa a alugar seu apartamento aos membros de um certo
grupo étnico, apenas porque teme as reações negativas dos
vizinhos.
 O modelo mais atual da cognição social descreve três tipos de
comportamentos discriminatórios:
 o comportamento auxiliar ou assistente
 a agressão
 o comportamento verbal.
 Os estudos sócio-cognitivos analisam a linguagem como uma variável
dependente.O caráter discriminatório é medida em traços
paralingüísticos e extralingüísticos da fala, como o tom e a altura da
voz, a distância entre os interlocutores, a duração das suas contribuições,
etc.
 A razão para tirar o foco do conteúdo explícito é óbvio quando
lembramos o dilema em que os falantes, geralmente, se encontram:
 Vivemos um conflito entre nossa fé nas idéias liberais e igualitárias das
modernas democracias ocidentais e nossos interesses individuais ou
coletivos, nosso ciúme, nossos medos, nossos impulsos instintivos e nossos
preconceitos quanto à superioridade de nós mesmo e do nosso grupo.
 Como é socialmente mais desejável afirmar nosso idealismo do que
nosso egoísmo, é de esperar que a discriminação, muitas vezes, não se
encontre no conteúdo dos enunciados que pode facilmente ser controlado
pelo falante, mas nas pistas inconscientes que o falante fornece ou nos
traços significativos que descobrimos “entre as linhas”.
 Há, ainda, outro argumento histórico para a abordagem sócio-cognitiva:
 A intensidade do dilema do falante aumentou nos últimos anos:
 Observa-se uma mudança de estilo nos atos discriminatórios devido
ao impacto dos movimentos de direitos civis.
 A discrimiação sem disfarce tornou-se socialmente indesejada, mas,
mesmo assim, ela é maliciosa e conduz a formas indiretas e menos
óbvias de discriminação.
 A maioria das pessoas envolve-se em atos discriminatórios que não
podem ser punidos, como a evitação do contato com os membros
dos grupos excluídos.
 A discriminação tradicional que se mostrou nua e crua, cada vez
mais, cede lugar a uma forma mais moderna e sútil que segue a
seguinte lógica:
 “Sim, a ditadura era ruim e, graças a Deus, acabou, mas é um fato
que o grupo X (= os pretos, os comunistas, os viados, as mulheres,
os judeus, o povão, etc.) puxa demais e quer ocupar lugares onde
seus membros não são queridos.”
 Conseqüentemente, temos que procurar em nossos corpora de fala onde
há os signos ou símbolos dessa atitude ambivalente, simultaneamente
defensiva e hostil.
 Os produtos lingüísticos da separação, do distanciamento, da acentuação
das diferenças, da desvalorização e da estereotipicação não precisam
necessariamente ser reconhecidos por todos como signos discriminatórios,
mas eles podem ser decifrados pelas pessoas que se interessam.
 A princípio, há os membros dos grupos excluídos que primeiramente tem
um interesse na revelação das estratégias discriminatórias e dos atos
lingüísticos que as acompanham.
 Todavia, por causa do princípio da evitação, a fala discriminatória não se
dirige diretamente, i.e., face a face, aos seus alvos, i.e., aos membros dos
grupos discriminados.
 As vítimas são pessoas sobre as quais nós falamos, mas com as quais nós
evitamos falar.
 Essa é a primeira lição que devem aprender todos pesquisadores que se
interessam pelo significado social da linguagem, pelos atos
discriminatórios da nossa fala e pela maneira como nós mantemos e
reproduzimos as relações de poder em nossa sociedade.
A teoria dos atos de fala (Austin e Searle)
 A compreensão mútua dos atos de fala discriminatórios requer que os
interlocutores concordem em duas diferentes áreas da linguagem:
 a área semântica da linguagem (ato locucional) e
 as funções pragmáticas das interações comunicativas (ato
ilocucional).
 A informação por si mesma é irrelevante para o potencial ilocucionário
de um enunciado.
 Os falantes podem servir-se da mesma informação locucional para
perseguir diferentes intenções pragmáticas.
 Conseqüentemente, não se atribui uma função discriminatória apenas
aos enunciados que claramente contêm avaliações negativas, facilmente
reconhecíveis no nível superficial.
 Não há muitos contextos nos quais as pessoas podem discriminar
diretamente (“Este restaurante é fechado para você porque você é
preto!”).
 Para excluir os membros dos grupos discriminados, é mais provável que as
pessoas usem formas indiretas, mais sutis, que não revelam sua função
discriminatória imediatamente.
 A discriminação pela linguagem, por isso, refere-se, primeiramente, ao lado
interativo-funcional do enunciado (o ato ilocucional) e apenas num grau
menor para o significado do enunciado (o ato locucional).
 Apenas uma parte da discriminação verbal pode ser identificada pela análise
do significado literal do enunciado discriminatório.
 A outra parte exige uma análise mais pormenorizada da situação de fala e,
especialmente, do sistema de crenças que é relevante para o julgamento do
grupo discriminado.
 Para garantir o sucesso do tipo sutil da discriminação verbal, esse sistema de
crenças tem que ser compartilhado pelo falante e pelos ouvintes.
 Há um tipo de discriminação verbal que é inerente à estrutura semântica de
uma língua (Humboldt, Lakoff) e tem outro tipo de discriminação que se
baseia na maneira como as pessoas falam (Labov, Bagno).
 Combinando os quatro tipo de atos de fala discriminatórios (direto / indireto
e explícito / implícito) com as cinco funções discriminatórias (separação,
distanciamento, acentuação, evaluação e fixação), chegamos a um conjunto
de 20 formas de enunciados discriminatórios.
 Temas e perguntas
I.
Como se formam os estereótipos?
II.
Como os estereótipos deformam a percepção dos indivíduos?
III.
Como os estereótipos se tornam estáveis?
IV.
O estereótipo de sexo e a discriminação sexista
A.
O estereótipo como um exagero da avaliação própria
B.
A estabilização de estereótipos pelas instituições (escola, mídias,
propaganda)
C.
A discriminação em situações de competição (pedido de
emprego)
D.
A teoria dos papéis sociais como explicação da origem dos
estereótipos de sexo
V.
Será que os estereótipos representam um mal inevitável?
VI.
Será que é possível enfraquecer os estereótipos através de
contatos entre os membros dos diversos grupos?
 Fundamentos cognitivos: Como se formam os estereótipos?
O preconceito é a recepcionista arrogante na sala de espera da
razão. (Karl Heirich Waggerl).
 Categorização social:
Classificar as pessoas numa mesma categoria à base de características gerais.
 Vantagem: Criar expectativas quanto às pessoas desconhecidas
 Desvantagem: Juntam-se pêras e maçãs numa mesma categoria “frutas” =
renúncia às informações exatas, subestimação das diferenças intragrupais
 Superestimação da homogeneidade do grupo exterior:
 Distinção entre o grupo interior (“nós”) e o grupo exterior (“eles”).
“Nós” somos todos bastante diferentes, mas “eles” são todos iguais.
 Generalização: “Se você conhecer um, você cohecerá todos.”
Espera-se que os membros de uma categoria comoportar-se-ão como seus
representantes já conhecidos.
 Homogeneização do grupo exterior, por exemplo, nas avaliações
mútuas entre
 jovens e velhos
 pretos e brancos
 progressivos e conservadores
 Acentuação: Sobrestimação das semelhanças dentro de uma categoria e das
diferenças entre as categorias
 As normas dos grupos de relação:
 Chama-se grupo de relação um grupo de pessoas com o qual um
indivíduo compartilha suas atitudes e seus valores.
 Orientação nos padrões de comportamento do grupo de relação
 A opinião do grupo representa o fundamento para a avaliação da
legitimidade da própria opinião.
 O grupo de relação influencia através de sanções positivas e
negativas diretamente o comportamento para com as outras
pessoas.
 Exemplo:
Fazer um convite para participar num jantar com os colegas
universitários de orientação homossexual. Após um aviso que os
nomes das pessoas que participarão no evento serão publicadas
num jornal estudantil, as respostas afirmativas diminuem.
Etnocentrismo
 Na sociologia, o termo etnocentrismo diz respeito a uma atitude ou um
dogma que avalia o próprio grupo social ou étnico ou a sociedade à qual ele
pertence como superior.
 Assim, a própria estrutura social e/ou cultura são tidas como universalmente
válidas e servem, desse modo, como norma para julgar os outros grupos.
 Atitudes etnocêntricas se exprimem através de preconceitos negativos para
com os grupos estranhos e através de um comportamento que estabelece,
realça e amplia a distância entre o grupo próprio e o grupo dos outros.
 Norma inglesa: distância para com os estranhos
 Norma americana: pouca distância para com os estranhos
 Tabela: A influência dos estereótipos
origem
estereótipo do grupo
próprio
estereótipo do grupo
dos outros
americana
amigável,
comunicativo
isento de paixão,
insensível
discreto, atencioso
importuno,
incomodante
inglesa
 Alguns sociólogos e antropólogos interpretam o etnocentrismo como uma
constante antropológica, i.e., inerente à natureza humana.
 O etnocentrismo tem sua origem na necessidade original dos homens de
imporem-se como grupo num ambiente sócio-cultural.
 O nome de muitas etnias para a própria comunidade significa
simplesmente “homem”, o que automaticamente tira dos membros das
outras sociedades a qualidade humana.
 O etnocentrismo serve também para diminuir inibições.
 Outros cientistas rejeitam essa argumentação alegando que ela generaliza a
estrutura de preconceitos historicamente desenvolvida no ocidente.
 Essa argumentação realça que entre os grupos pequenos ocorrem mais contatos
individuais do que entre os estados nacionais modernos.
 Desse modo, forma-se uma consciência maior para o condicionamento cultural e
as diferenças entre as sociedades.
 Na maioria das sociedades não-industrializadas, a identidade determina-se de
maneira múltipla. Dependendo da situação concreta, é possível que um indivíduo
pertença a diferentes grupos étnicos.
 O etnocentrismo é um fenômeno social que historicamente é ligado à formação
dos estados nacionais e à ideologia do nacionalismo.
A teoria do bode expiatório
 Frustração através de fontes impessoais de frustração
(por ex.: desvantagem social, desemprego)
 Procura-se bode expiratório
 Agressividade e atitude negativa para com as minorias
 As vítimas têm características comuns:
 Impotência (confere segurança ao autor dos insultos,
difamações e agressões)
 Visibilidade (por ex.: cor da pele, forma do rosto ou do corpo,
traje, dialeto)
 Estranheza
 Discriminações anteriores
A teoria dos tipos de personalidade autoritário
ou dogmático
 Características importantes
 Submissão
 Intolerância
 Estereótipos negativos
 Etnocentrismo
 Estilo de educação disciplinada e isento de paixão
 Tabus sexuais
 Teste de personalidade:
 “A obediência e o respeito para com as autoridades são as
virtudes mais importantes que as crianças devem aprender.”
 “Se as pessoas falassem menos e trabalhassem mais, todos nós
teríamos uma vida melhor.”
 “É possível classificar as pessoas em duas categorias: os fortes e
os fracos.”
 Como os estereótipos deformam a percepção dos indivíduos
 O efeito de contraste: a avaliação de um estímulo é influenciada pela diferença
entre nossa expectativa e o estímulo real. Se um estímulo diferir apenas um
pouquinho da nossa expectativa, deixaremos passar a diferença. Se um estímulo
diferir bastante da nossa expectativa, perceberemos a diferença exageradamente.
 1o Exemplo: A deformação da percepção de temperatura por causa da influência
do 1o estímulo sobre a avaliação do segundo:
 O 1o estímulo torna-se o ponto de referência para a avaliação do 2o.
1o estímulo
2o estímulo
percepção subjetiva
água fria
água morna
quente
água quente
água morna
frio
 2o exemplo:Formação de expectativas
 Textos escritos pelos pacientes de dois hospitais psiquiatricos:
 Hospital A: pacientes com graves problemas psíquicos
 Hospital B: pacientes com leves problemas psíquicos
 Material de estímulo: Avaliação de outros textos de pacientes psiquiátricos
que, de fato, têm problemas psíquicos médios
 Manipulação da expectativa:
 Os pacientes são da clínica A Avaliação: “normal”
 Os pacientes são da clínica B Avaliação: “bastante disturbados”
 Por causa da influência dos estereótipos tendemos a
sobrestimar a ocorrência de indícios que confirmam
nossos preconceitos
 Exemplo:
 6 categorias de profissão: contador, médico, vendedor,
aeromoça, bibliotecário, garçom
 12 características: próspero, esperto, medroso.
entusiasmático, falador, produtivo, sério, apaziguante,
atrativo, trabalhador, barulhento
 Material de estímulo: 24 frases nas quais as seis categorias
profissionais são ligadas as 12 características com a mesma
freqüência
 Hipótese: Certas combinações são sobrestimadas quanto a
sua freqüência?
O estereótipo facilita o exagero na avaliação do
próprio grupo
 Prova de amostra:
 Grupo A: n= 150 (94 fem.; 56 masc.) visitantes da universidade
no dia do público externo: Idade: 17 até 68 anos
 Grupo B: n= 103 (67 fem.; 36 masc.) estudantes
 Avaliação de estereótipos:
Conforme a avaliação do grupo próprio e a avaliação do grupo
exterior, qual é a percentagem de adultos americanos masculinos
que são enérgicos, dominantes, agressivos e dispostos a assumir
riscos e quantas mulheres são carinhosas, apaixonadas, apaziguantes
e, além disso, gostam de crianças?
 A formação de subcategorias
 É possível conservar um estereótipo global (por ex. a mulher como dona
de casa) ao estabelecer subcategorias adequadas para as pessoas que
não se encaixam na categoria original (por ex.: mulher de carreira)
 Exemplos:
 mulheres: dona de casa, mulher de carreira, esportista, feminista, objeto
sexual
 pretos: esportistas pretas, pretos da classe média, pretos da favela
 idosos: vovôs familiares, senhores idosos de distinção, aposentados inativos
 A propaganda na televisão e o estereótipo sexual
 Hipótese:
A propaganda tradicional na TV mostra os papéis sociais da mulher e
espera um comportamento feminino que reprime a autoconfiança e a
formação de uma opinião independente. A propaganda de TV que inverte
os papéis sociais e as expectativas pode facilitar a confiança em si mesmo
e a idependência das mulheres.
 Estudo: Reações para com as mídias em massa
 Prova de amostra:
52 estudantes femininas dos primeiros semestres
 Variáveis independentes:
 Grupo 1: quatro spots com mulheres com uma distribuição discreta dos
papeis sociais
 Grupo 2: quatro spots com uma distribuição alterada dos papeis sociais
 Variáves dependentes:
 Independência na formação de opiniões
 Avaliação do caráter engraçado de 16 caricaturas
não é engraçado 1 2 3 4 5 6 7 muito engraçado
/-----/-----/-----/-----/-----/-----/
correto
errado
São incluídas seis caricaturas com indicações erradas quanto ao seu
caráter engraçado ou não.
 Auto-confiança
 demonstrada num pequeno discurso espontâneo sobre os
programas e a propaganda enganadora na TV e caricaturas que
mostram violência.
 A discriminação de sexo em situações de competição
 Comparando com “mulheres femininas”, como aumenta a chance de uma
mulher de conseguir um emprego numa “profissão masculina”, se ela dispõe
de experiências na sua vida pessoal (mas não profissional) que permitem
atribuir-lhe a subcategoria das “mulheres masculinas”?
 Características do/da candidato/a:
 terceiro grau completo
 graduada em administração
 30% do estudo financiado pelo próprio trabalho
 Variáveis independentes:
 Sexo: fem. (Kate), masc. (Ken)
 Experiência de vida: feminina, masculina
 Prof.:  profissão “masculina”: gerente de vendas
 profissão “feminina”: atendente de odontologista
 profissão “neutra”: funcionário de um banco (atendimento ao cliente)
 Variável dependente:
 Respostas entre “eu convidaria o/a candidato/a ‘de jeito nenhum’ (1) até
‘com certeza’ (5).
 Prova de amostra: n= 209 executivos do nível mais alto (204 masc.; 5
fem.)
A teoria dos papéis sociais dos estereótipos de
sexos (Alice Eagly (1987)
fatores
biológicos
distribuição de
papeis sociais
sociais
na profissão
econômicos
na família
políticos
(“divisão de
trabalho”)
comportamento
e faculdades
generalizados e
consistentes com
o papel
percepção
estereotipada
das relações
sociais entre os
gêneros;
naturalização
das condições
sociais
 Será que os preconceitos são inevitáveis?



“É possível refutar uma sentença, mas nunca um
preconceito.” (Maria von Ebner-Echenbach).
Que época triste, na qual é mais fácil destroçar um
átomo do que um preconceito. (Albert Einstein)
Alguns fatores que corroboram na diminuição
de estereótipos:




Informações pessoais sobre um indivíduo deslocam as
informações estereotipadas para o segundo plano.
Uma faculdade adequada de cognição representa a
condição prévia para poder-se concentrar nas
características individuais de uma pessoa.
As avaliações estereotipadas são mais comuns em
situações de estresse.
A motivação é uma condição prévia para poder ganhar
uma impressão apurada do outro.

A hipótese de contato:





O contato entre os grupos deve ocorrer em circunstâncias que
garantam o mesmo status aos membros dos dois grupos.
O contato deve facilitar interações entre os membros
individuais de cada grupo.
As convicções estereotipadas são ignoradas em situações de
cooperação, nas quais uma tarefa comum têm que ser
resolvida.
As instituições ou autoridades podem e devem apoiar e
encorajar o contato entre os membros dos diferentes grupos a
fim de favorecer uma mudança das normas sociais dos dois
grupos.
Formas de contato: turismo (?), intercâmbio de estudantes,
serviço militar
 A mudança de convicções estereotipadas
em três passos
 Quanto mais rico em sentenças, tanto mais pobre em
preconceitos. (Henry Miller)
1.
Um indivíduo é atribuído a um grupo social através da
categorização social.
 Por exemplo: “um cearense típico”: cabeça chata, provinciano,
barulhento, falador, adora cerveja e uma rede
2.
3.
Contatos pessoais com o indivíduo e/ou contatos através das
mídias facilitam a correção da impressão estereotipizada.
A categoria social perde a sua importância.
É possível que ocorra uma generalização à base das
características do indivíduo que modifica o estereótipo sobre o
grupo como todo.
Contudo, esse passo decisivo ocorrerá apenas se o indivíduo é
avaliado como um representante típico do grupo
 por exemplo: “os cearenses são cosmopolitas”
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