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Estereótipo, preconceito e discriminação Uma profusão de estereótipos espalha-se por nossas vidas cotidianas. Há preconceitos em todos os lugares e parece que eles não podem ser extirpados. A discriminação provoca um imenso sofrimento individual e coletivo. Às vezes é de supor que a razão humana foi abandonada de vez. Deixar o alcance da razão humana significa tornar-se perigoso. Por isso é um desafio definitivo e um dever existencial tanto do cidadão individual como também da sociedade inteira que vençamos as situações de conflito promovidas por preconceitos e estereótipos. A paz neste mundo, a realização dos direitos humanos e o futuro dos nossos filhos dependem da atitude que todos nós tomaremos diante das mais diversas formas de violência cometidas contra indivíduos e grupos simplesmente por causa do fato deles serem diferentes. Contudo, combater a discriminação não é uma tarefa fácil se admitimos que cada um de nós tem seus preconceitos preferidos que criamos, nutrimos e defendemos como bichos de estimação. Se fosse apenas uma questão de como acabar com nossos grilos, poderíamos deixar o barco correr, mas cada preconceito é um bicho de sete cabeças, capaz de acabar com a vida e os sonhos das suas vítimas. Ademais, sabemos bem que nossos preconceitos tendem a recair sobre nós, os nossos e a nossa sociedade com a precisão de um bumerangue. Vale a pena, então, explorar a vasta área dos preconceitos para conhecer a mata em que vivemos. O ser humano, evidentemente, não sabe viver sem preconceitos. A pesquisa empírica, conseqüentemente, não pode esquivar-se da ocupação com a função social, as origens, os efeitos e as finalidades do comportamento preconceituoso. Seus estudos devem analisar as mais diversas formas de preconceitos e os campos da sua realização. É preciso observar as áreas sociais nas quais os preconceitos e estereótipos atuam e mostrar que o objetivo principal não é a sua extinção, mas desenvolver a arte de saber viver com eles. Antes de poder-se denunciar publicamente quando e onde os aspectos negativos da vida ameaçam inundar os positivos, a meticulosidade sócio-científica requer que alguns conceitos da pesquisa empírica sobre o preconceito sejam explicados sem cair na tentação patética de querer salvar a humanidade. Sir Francis Bacon (1561-1626): “O ensino dos ídolos” Quatro tipos de “ídolos” (= ilusões): “ídolos da espécie humana” (inatas) “ídolos da caverna” (que dependem da situação de percepção) “ídolos do teatro” (que encontram-se na filosofia, literatura e na ciência) “ídolos do mercado” (preconceitos da sociedade) O estereótipo Uma definição: Um estereótipo constitui-se de um conjunto de convicções quanto às características, qualidades e/ou comportamentos de um grupo de pessoas. As teorias sobre a origem de estereótipos A teoria de aprendizagem social (a teoria de conflito) A teoria dos tipos de personalidades (os motivos individuais e a índole autoritária) A teoria cognitiva (a capacidade limitada para o processamento de informações) Dois tipos de estereótipos: Os estereótipos quanto ao grupo próprio Os estereótipos quanto ao grupo dos outros Alguns exemplos para estereótipos: raça, nação, etnia, sexo, profissão, idade, minorias O preconceito “Em todos os campos do pensamento, florecem duas culturas: uma admira os preconceitos antigos e a outra os novos.” (A.Nowaczynski). Latim: praeiudicium = julgamento anterior, sentença anterior, opinião prévia, juízo antecipado; investigação judicial realizada antes do processo para determinar o status social dos litigantes. Um preconceito é um padrão de atitudes e avaliações que se baseia num julgamento geral e injustificado, concebido de antemão e carregado de emoções. A opinião provinda desse processo diz respeito a uma pessoa, um grupo, um objeto ou uma situação real. Os preconceitos tendem a ser mantidos mesmo quando já foram desmentidos por experiências racionais e novas informações. Exemplos: Os baianos são lentos. As mulheres são tagarelas. Os políticos são corruptos. Preto que corre é ladrão. Ler um livro é coisa de viado. Na psicologia social, o termo refere-se a uma atitude hostil e de rejeição para com as pessoas que pertencem a um outro grupo social ou étnico. Preconceitos fundamentam-se em estereótipos que representam imagens coletivamente preconcebidas e padronizadas sobre os diferentes grupos sociais. Os preconceitos formam-se durante a socialização ou enculturação, i.e., o processo de condicionamento e/ou de aprendizagem, consciente ou inconsciente, formal e informal, mediante o qual um indivíduo aprende os padrões gerais de sua cultura. Junto com esses padrões ele adquire necessariamente os preconceitos do seu ambiente social que proporcionam sua orientação no mundo. As pessoas têm preconceitos porque foram educadas em sociedades que estabelecem esses preconceitos como uma faceta do sistema normativo da sua cultura. O preconceito, então, é incorporado na cultura através de preceitos normativos Na hermenêutica (H.-G. Gadamer), o termo refere-se ao horizonte de compreensão formado pelo conhecimento e a experiência de um indivíduo. O que ultrapassa os contornos desse horizonte, por princípio, não pode ser questionado, mas sem esse horizonte qualquer compreensão ou construção de um sentido seria impossível. Preconceito ou erro: Em ambos os casos observa-se um pensamento inadequado. Todavia, quem “erra” admite crítica. Ele reconhece a possibilidade de estar “errado”, porque tem um interesse na “verdade” do outro. Que tem um preconceito não se interessa por “outra verdade”. Ele apenas procura afirmação. Muitas vezes, a pessoa que defende um preconceito ou um dogma trem consciência de que seu pensamento não corresponde com os “fatos”. Contudo ela insiste nesse pensamento e não admite crítica. Lendas e mitos, muitas vezes, são mais atrativos do que a realidade. Preconceitos são mais confortáveis do que um ponto de vista crítico e racional. Quando faltam argumentos, a propaganda ideológica, os chavões populistas e as mentiras históricas se tornam as armas na luta pelo poder político e econômico. Um dogma ou um preconceito, facilmente, transformam-se em discriminação e/ou violência. A discriminação A discriminação, no sentido amplo, é um dos processos mais elementares e abrangentes das atividades humanas. Visto como o processo através do qual nós respondemos de maneira diferente a diferentes estímulos, a discriminação é praticamente sinônimo de comportamento. Do ponto de vista cognitivo, discriminamos quando percebemos ou marcamos os traços distintivos de alguma coisa. Esse tipo de discriminação é a condição prévia da discriminação social. Discriminar, nesse sentido, significa fixar diferenças no tratamento das pessoas à base de categorias preconcebidas e indiferente as características ou méritos individuais. A prática da discriminação categórica inclui qualquer comportamento que se dirige contra uma pessoa, porque essa pessoa é vista como membro de um certo grupo ou uma certa classe social. A diferença de tratamento percebe-se tanto pela aceitação de uns quanto pela rejeição de outros, mas as ciências sociais sempre se interessaram mais pelas diversas técnicas e modalidades que permitem prejudicar alguém ao recusar-lhe o acesso aos resultados ou objetivos concedidos aos outros. A disciminação, portanto, é intimamente ligada às noções de justiça e igualdade. A recusa de um tratamento igual pode tornar-se uma recusa de direitos iguais como mostram os inúmeros casos de discriminação social, nos quais os membros de uma certa categoria ou um certo grupo não gozam as mesmas chances profissionais, o mesmo pagamento, a mesma moradia, a mesma representação política ou o mesmo uso dos bens públicos. O ato de discriminação já é constituido pelo simples fato de que os membros de um grupo majoritário e/ou privilegiado evitam o contato pessoal com os membros do grupo minoritário e/ou menos privilegiado e recusam-se a comunicar-se diretamente com eles. Quando um contato é inevitável, observa-se, geralmente, que os representantes do grupo alvo não ocupam a mesma posição na hierarquia social e discursiva e não tem direito de reciprocidade. Esta estrategia (intencional ou inconsciente?) de manter “os outros” numa distância social ou numa posição mais baixa no estrato social simplesmente por eles pertencerem a um determinado grupo abrange uma grande variedade de comportamentos discriminatórios que, muitas vezes, recorrem às possibilidades inerentes à linguagem. A discriminação, então, representa o elo entre o estereótipo e o preconceito. Exemplos: Sexismo, racismo, etnocentrismo As funções da discriminação social Separação Trata-se da operação básica de classificar demarcar e distinguir o “eu” de “os outros”, o grupo próprio do grupo alheio ou uma entidade A de outra não-A. O instrumento conceitual da separação é “traçar uma linha” através de uma categorização ou classificação. O efeito dessa operação é uma ordem estrutural. Distanciamento O simples ato de traçar uma linha entre A e não-A é indiferente quanto à distância semântica ou social entre A e não-A. Contudo, a melhor maneira de fazer distinções é colocar um espaço entre os conjuntos de pessoas ou coisas que evidencia claramente a ordem estabelecida. Acentuação Quando formamos classes e distanciamos uma da outra, estabelecemos distinções que antes marcam as dessemelhançãs do que as semelhanças. Isso tende a resultar numa acentuação das diferenças entre as categorias em questão. O efeito cognitivo da acetuação da heterogeniedade é que a percepção e a memorização tornam-se mais fáceis. Avaliação A discriminação social tende a desvalorizar o grupo alheio e, ao mesmo tempo, - pelo menos implicitamente – a supervalorizar os valores do próprio grupo e da própria identidade social (auto-engrandecimento) Fixação Quando discriminamos uma pessoa, não a tratamos como um indivíduo com atividades diversas e estados em contínua mudança, mas como um caso ou exemplo para uma categoria ou como um membro típico de um grupo alheio. Se alguém é tratado de uma maneira genérica, i.e., como substituível ou intercambiável, é comum que nós atribuamos características pressupostamente típicas a essa pessoa ou que classifiquemo-no através de um estereótipo. Em ambos os casos, o alvo dicriminado é prefixado e o discriminador esperará dele um comportamento típico, i.e., altamente previsível. A economia psicológica que o invariável ou o permanente oferece em comparação com o variável ou corrente é evidente: Se alguém ou alguma coisa é estereotipado nós sabemos com quem ou com o que nós estamos lidando e como devemos nos comportar no futuro, cada vez que encontrarmos um exemplo típico da categoria em questão: Judeus serão judeus, mulheres, mulheres e homossexuais sempre serão homossexuais. A avaliação de grupos sociais A ligação entre estereótipo, preconceito e discriminação sexismo discriminação racismo etnocentrismo estereótipo preconceito Há preconceitos sem discriminação e discriminação sem preconceitos? Conforme o modelo tradicional da psicologia social, a discriminação social é intimamente associada com os estereótipos e os preconceitos. Os estereótipos formam a base cognitiva do preconceito e o preconceito, por sua vez, conduz para a discriminação. O problema nesse conceito íngenuo é o mesmo que temos quando discutimos a relação entre atitude e comportamento. É possível que os estereótipos e preconceitos, de fato, sejam identificados, mas, mesmo assim, os prejudicadores não precisam, necessariamente, expor um comportamento discriminatório observável. Do outro lado, é possível que pessoas discriminem outras sem qualquer preconceito (percebível), por exemplo, quando alguém se recusa a alugar seu apartamento aos membros de um certo grupo étnico, apenas porque teme as reações negativas dos vizinhos. O modelo mais atual da cognição social descreve três tipos de comportamentos discriminatórios: o comportamento auxiliar ou assistente a agressão o comportamento verbal. Os estudos sócio-cognitivos analisam a linguagem como uma variável dependente.O caráter discriminatório é medida em traços paralingüísticos e extralingüísticos da fala, como o tom e a altura da voz, a distância entre os interlocutores, a duração das suas contribuições, etc. A razão para tirar o foco do conteúdo explícito é óbvio quando lembramos o dilema em que os falantes, geralmente, se encontram: Vivemos um conflito entre nossa fé nas idéias liberais e igualitárias das modernas democracias ocidentais e nossos interesses individuais ou coletivos, nosso ciúme, nossos medos, nossos impulsos instintivos e nossos preconceitos quanto à superioridade de nós mesmo e do nosso grupo. Como é socialmente mais desejável afirmar nosso idealismo do que nosso egoísmo, é de esperar que a discriminação, muitas vezes, não se encontre no conteúdo dos enunciados que pode facilmente ser controlado pelo falante, mas nas pistas inconscientes que o falante fornece ou nos traços significativos que descobrimos “entre as linhas”. Há, ainda, outro argumento histórico para a abordagem sócio-cognitiva: A intensidade do dilema do falante aumentou nos últimos anos: Observa-se uma mudança de estilo nos atos discriminatórios devido ao impacto dos movimentos de direitos civis. A discrimiação sem disfarce tornou-se socialmente indesejada, mas, mesmo assim, ela é maliciosa e conduz a formas indiretas e menos óbvias de discriminação. A maioria das pessoas envolve-se em atos discriminatórios que não podem ser punidos, como a evitação do contato com os membros dos grupos excluídos. A discriminação tradicional que se mostrou nua e crua, cada vez mais, cede lugar a uma forma mais moderna e sútil que segue a seguinte lógica: “Sim, a ditadura era ruim e, graças a Deus, acabou, mas é um fato que o grupo X (= os pretos, os comunistas, os viados, as mulheres, os judeus, o povão, etc.) puxa demais e quer ocupar lugares onde seus membros não são queridos.” Conseqüentemente, temos que procurar em nossos corpora de fala onde há os signos ou símbolos dessa atitude ambivalente, simultaneamente defensiva e hostil. Os produtos lingüísticos da separação, do distanciamento, da acentuação das diferenças, da desvalorização e da estereotipicação não precisam necessariamente ser reconhecidos por todos como signos discriminatórios, mas eles podem ser decifrados pelas pessoas que se interessam. A princípio, há os membros dos grupos excluídos que primeiramente tem um interesse na revelação das estratégias discriminatórias e dos atos lingüísticos que as acompanham. Todavia, por causa do princípio da evitação, a fala discriminatória não se dirige diretamente, i.e., face a face, aos seus alvos, i.e., aos membros dos grupos discriminados. As vítimas são pessoas sobre as quais nós falamos, mas com as quais nós evitamos falar. Essa é a primeira lição que devem aprender todos pesquisadores que se interessam pelo significado social da linguagem, pelos atos discriminatórios da nossa fala e pela maneira como nós mantemos e reproduzimos as relações de poder em nossa sociedade. A teoria dos atos de fala (Austin e Searle) A compreensão mútua dos atos de fala discriminatórios requer que os interlocutores concordem em duas diferentes áreas da linguagem: a área semântica da linguagem (ato locucional) e as funções pragmáticas das interações comunicativas (ato ilocucional). A informação por si mesma é irrelevante para o potencial ilocucionário de um enunciado. Os falantes podem servir-se da mesma informação locucional para perseguir diferentes intenções pragmáticas. Conseqüentemente, não se atribui uma função discriminatória apenas aos enunciados que claramente contêm avaliações negativas, facilmente reconhecíveis no nível superficial. Não há muitos contextos nos quais as pessoas podem discriminar diretamente (“Este restaurante é fechado para você porque você é preto!”). Para excluir os membros dos grupos discriminados, é mais provável que as pessoas usem formas indiretas, mais sutis, que não revelam sua função discriminatória imediatamente. A discriminação pela linguagem, por isso, refere-se, primeiramente, ao lado interativo-funcional do enunciado (o ato ilocucional) e apenas num grau menor para o significado do enunciado (o ato locucional). Apenas uma parte da discriminação verbal pode ser identificada pela análise do significado literal do enunciado discriminatório. A outra parte exige uma análise mais pormenorizada da situação de fala e, especialmente, do sistema de crenças que é relevante para o julgamento do grupo discriminado. Para garantir o sucesso do tipo sutil da discriminação verbal, esse sistema de crenças tem que ser compartilhado pelo falante e pelos ouvintes. Há um tipo de discriminação verbal que é inerente à estrutura semântica de uma língua (Humboldt, Lakoff) e tem outro tipo de discriminação que se baseia na maneira como as pessoas falam (Labov, Bagno). Combinando os quatro tipo de atos de fala discriminatórios (direto / indireto e explícito / implícito) com as cinco funções discriminatórias (separação, distanciamento, acentuação, evaluação e fixação), chegamos a um conjunto de 20 formas de enunciados discriminatórios. Temas e perguntas I. Como se formam os estereótipos? II. Como os estereótipos deformam a percepção dos indivíduos? III. Como os estereótipos se tornam estáveis? IV. O estereótipo de sexo e a discriminação sexista A. O estereótipo como um exagero da avaliação própria B. A estabilização de estereótipos pelas instituições (escola, mídias, propaganda) C. A discriminação em situações de competição (pedido de emprego) D. A teoria dos papéis sociais como explicação da origem dos estereótipos de sexo V. Será que os estereótipos representam um mal inevitável? VI. Será que é possível enfraquecer os estereótipos através de contatos entre os membros dos diversos grupos? Fundamentos cognitivos: Como se formam os estereótipos? O preconceito é a recepcionista arrogante na sala de espera da razão. (Karl Heirich Waggerl). Categorização social: Classificar as pessoas numa mesma categoria à base de características gerais. Vantagem: Criar expectativas quanto às pessoas desconhecidas Desvantagem: Juntam-se pêras e maçãs numa mesma categoria “frutas” = renúncia às informações exatas, subestimação das diferenças intragrupais Superestimação da homogeneidade do grupo exterior: Distinção entre o grupo interior (“nós”) e o grupo exterior (“eles”). “Nós” somos todos bastante diferentes, mas “eles” são todos iguais. Generalização: “Se você conhecer um, você cohecerá todos.” Espera-se que os membros de uma categoria comoportar-se-ão como seus representantes já conhecidos. Homogeneização do grupo exterior, por exemplo, nas avaliações mútuas entre jovens e velhos pretos e brancos progressivos e conservadores Acentuação: Sobrestimação das semelhanças dentro de uma categoria e das diferenças entre as categorias As normas dos grupos de relação: Chama-se grupo de relação um grupo de pessoas com o qual um indivíduo compartilha suas atitudes e seus valores. Orientação nos padrões de comportamento do grupo de relação A opinião do grupo representa o fundamento para a avaliação da legitimidade da própria opinião. O grupo de relação influencia através de sanções positivas e negativas diretamente o comportamento para com as outras pessoas. Exemplo: Fazer um convite para participar num jantar com os colegas universitários de orientação homossexual. Após um aviso que os nomes das pessoas que participarão no evento serão publicadas num jornal estudantil, as respostas afirmativas diminuem. Etnocentrismo Na sociologia, o termo etnocentrismo diz respeito a uma atitude ou um dogma que avalia o próprio grupo social ou étnico ou a sociedade à qual ele pertence como superior. Assim, a própria estrutura social e/ou cultura são tidas como universalmente válidas e servem, desse modo, como norma para julgar os outros grupos. Atitudes etnocêntricas se exprimem através de preconceitos negativos para com os grupos estranhos e através de um comportamento que estabelece, realça e amplia a distância entre o grupo próprio e o grupo dos outros. Norma inglesa: distância para com os estranhos Norma americana: pouca distância para com os estranhos Tabela: A influência dos estereótipos origem estereótipo do grupo próprio estereótipo do grupo dos outros americana amigável, comunicativo isento de paixão, insensível discreto, atencioso importuno, incomodante inglesa Alguns sociólogos e antropólogos interpretam o etnocentrismo como uma constante antropológica, i.e., inerente à natureza humana. O etnocentrismo tem sua origem na necessidade original dos homens de imporem-se como grupo num ambiente sócio-cultural. O nome de muitas etnias para a própria comunidade significa simplesmente “homem”, o que automaticamente tira dos membros das outras sociedades a qualidade humana. O etnocentrismo serve também para diminuir inibições. Outros cientistas rejeitam essa argumentação alegando que ela generaliza a estrutura de preconceitos historicamente desenvolvida no ocidente. Essa argumentação realça que entre os grupos pequenos ocorrem mais contatos individuais do que entre os estados nacionais modernos. Desse modo, forma-se uma consciência maior para o condicionamento cultural e as diferenças entre as sociedades. Na maioria das sociedades não-industrializadas, a identidade determina-se de maneira múltipla. Dependendo da situação concreta, é possível que um indivíduo pertença a diferentes grupos étnicos. O etnocentrismo é um fenômeno social que historicamente é ligado à formação dos estados nacionais e à ideologia do nacionalismo. A teoria do bode expiatório Frustração através de fontes impessoais de frustração (por ex.: desvantagem social, desemprego) Procura-se bode expiratório Agressividade e atitude negativa para com as minorias As vítimas têm características comuns: Impotência (confere segurança ao autor dos insultos, difamações e agressões) Visibilidade (por ex.: cor da pele, forma do rosto ou do corpo, traje, dialeto) Estranheza Discriminações anteriores A teoria dos tipos de personalidade autoritário ou dogmático Características importantes Submissão Intolerância Estereótipos negativos Etnocentrismo Estilo de educação disciplinada e isento de paixão Tabus sexuais Teste de personalidade: “A obediência e o respeito para com as autoridades são as virtudes mais importantes que as crianças devem aprender.” “Se as pessoas falassem menos e trabalhassem mais, todos nós teríamos uma vida melhor.” “É possível classificar as pessoas em duas categorias: os fortes e os fracos.” Como os estereótipos deformam a percepção dos indivíduos O efeito de contraste: a avaliação de um estímulo é influenciada pela diferença entre nossa expectativa e o estímulo real. Se um estímulo diferir apenas um pouquinho da nossa expectativa, deixaremos passar a diferença. Se um estímulo diferir bastante da nossa expectativa, perceberemos a diferença exageradamente. 1o Exemplo: A deformação da percepção de temperatura por causa da influência do 1o estímulo sobre a avaliação do segundo: O 1o estímulo torna-se o ponto de referência para a avaliação do 2o. 1o estímulo 2o estímulo percepção subjetiva água fria água morna quente água quente água morna frio 2o exemplo:Formação de expectativas Textos escritos pelos pacientes de dois hospitais psiquiatricos: Hospital A: pacientes com graves problemas psíquicos Hospital B: pacientes com leves problemas psíquicos Material de estímulo: Avaliação de outros textos de pacientes psiquiátricos que, de fato, têm problemas psíquicos médios Manipulação da expectativa: Os pacientes são da clínica A Avaliação: “normal” Os pacientes são da clínica B Avaliação: “bastante disturbados” Por causa da influência dos estereótipos tendemos a sobrestimar a ocorrência de indícios que confirmam nossos preconceitos Exemplo: 6 categorias de profissão: contador, médico, vendedor, aeromoça, bibliotecário, garçom 12 características: próspero, esperto, medroso. entusiasmático, falador, produtivo, sério, apaziguante, atrativo, trabalhador, barulhento Material de estímulo: 24 frases nas quais as seis categorias profissionais são ligadas as 12 características com a mesma freqüência Hipótese: Certas combinações são sobrestimadas quanto a sua freqüência? O estereótipo facilita o exagero na avaliação do próprio grupo Prova de amostra: Grupo A: n= 150 (94 fem.; 56 masc.) visitantes da universidade no dia do público externo: Idade: 17 até 68 anos Grupo B: n= 103 (67 fem.; 36 masc.) estudantes Avaliação de estereótipos: Conforme a avaliação do grupo próprio e a avaliação do grupo exterior, qual é a percentagem de adultos americanos masculinos que são enérgicos, dominantes, agressivos e dispostos a assumir riscos e quantas mulheres são carinhosas, apaixonadas, apaziguantes e, além disso, gostam de crianças? A formação de subcategorias É possível conservar um estereótipo global (por ex. a mulher como dona de casa) ao estabelecer subcategorias adequadas para as pessoas que não se encaixam na categoria original (por ex.: mulher de carreira) Exemplos: mulheres: dona de casa, mulher de carreira, esportista, feminista, objeto sexual pretos: esportistas pretas, pretos da classe média, pretos da favela idosos: vovôs familiares, senhores idosos de distinção, aposentados inativos A propaganda na televisão e o estereótipo sexual Hipótese: A propaganda tradicional na TV mostra os papéis sociais da mulher e espera um comportamento feminino que reprime a autoconfiança e a formação de uma opinião independente. A propaganda de TV que inverte os papéis sociais e as expectativas pode facilitar a confiança em si mesmo e a idependência das mulheres. Estudo: Reações para com as mídias em massa Prova de amostra: 52 estudantes femininas dos primeiros semestres Variáveis independentes: Grupo 1: quatro spots com mulheres com uma distribuição discreta dos papeis sociais Grupo 2: quatro spots com uma distribuição alterada dos papeis sociais Variáves dependentes: Independência na formação de opiniões Avaliação do caráter engraçado de 16 caricaturas não é engraçado 1 2 3 4 5 6 7 muito engraçado /-----/-----/-----/-----/-----/-----/ correto errado São incluídas seis caricaturas com indicações erradas quanto ao seu caráter engraçado ou não. Auto-confiança demonstrada num pequeno discurso espontâneo sobre os programas e a propaganda enganadora na TV e caricaturas que mostram violência. A discriminação de sexo em situações de competição Comparando com “mulheres femininas”, como aumenta a chance de uma mulher de conseguir um emprego numa “profissão masculina”, se ela dispõe de experiências na sua vida pessoal (mas não profissional) que permitem atribuir-lhe a subcategoria das “mulheres masculinas”? Características do/da candidato/a: terceiro grau completo graduada em administração 30% do estudo financiado pelo próprio trabalho Variáveis independentes: Sexo: fem. (Kate), masc. (Ken) Experiência de vida: feminina, masculina Prof.: profissão “masculina”: gerente de vendas profissão “feminina”: atendente de odontologista profissão “neutra”: funcionário de um banco (atendimento ao cliente) Variável dependente: Respostas entre “eu convidaria o/a candidato/a ‘de jeito nenhum’ (1) até ‘com certeza’ (5). Prova de amostra: n= 209 executivos do nível mais alto (204 masc.; 5 fem.) A teoria dos papéis sociais dos estereótipos de sexos (Alice Eagly (1987) fatores biológicos distribuição de papeis sociais sociais na profissão econômicos na família políticos (“divisão de trabalho”) comportamento e faculdades generalizados e consistentes com o papel percepção estereotipada das relações sociais entre os gêneros; naturalização das condições sociais Será que os preconceitos são inevitáveis? “É possível refutar uma sentença, mas nunca um preconceito.” (Maria von Ebner-Echenbach). Que época triste, na qual é mais fácil destroçar um átomo do que um preconceito. (Albert Einstein) Alguns fatores que corroboram na diminuição de estereótipos: Informações pessoais sobre um indivíduo deslocam as informações estereotipadas para o segundo plano. Uma faculdade adequada de cognição representa a condição prévia para poder-se concentrar nas características individuais de uma pessoa. As avaliações estereotipadas são mais comuns em situações de estresse. A motivação é uma condição prévia para poder ganhar uma impressão apurada do outro. A hipótese de contato: O contato entre os grupos deve ocorrer em circunstâncias que garantam o mesmo status aos membros dos dois grupos. O contato deve facilitar interações entre os membros individuais de cada grupo. As convicções estereotipadas são ignoradas em situações de cooperação, nas quais uma tarefa comum têm que ser resolvida. As instituições ou autoridades podem e devem apoiar e encorajar o contato entre os membros dos diferentes grupos a fim de favorecer uma mudança das normas sociais dos dois grupos. Formas de contato: turismo (?), intercâmbio de estudantes, serviço militar A mudança de convicções estereotipadas em três passos Quanto mais rico em sentenças, tanto mais pobre em preconceitos. (Henry Miller) 1. Um indivíduo é atribuído a um grupo social através da categorização social. Por exemplo: “um cearense típico”: cabeça chata, provinciano, barulhento, falador, adora cerveja e uma rede 2. 3. Contatos pessoais com o indivíduo e/ou contatos através das mídias facilitam a correção da impressão estereotipizada. A categoria social perde a sua importância. É possível que ocorra uma generalização à base das características do indivíduo que modifica o estereótipo sobre o grupo como todo. Contudo, esse passo decisivo ocorrerá apenas se o indivíduo é avaliado como um representante típico do grupo por exemplo: “os cearenses são cosmopolitas”