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Opinião
O Desporto (e o Futebol) em
que eu acredito...
Prof. Doutor Manuel Sérgio
Faculdade de motricidade Humana. Lisboa
Também concorre ao aperfeiçoamento das caraterísticas
físico-motoras de todas as
idades e de cada um dos sexos. Nada
esquece na motricidade humana,
sob o ponto de vista articular,
muscular, funcional. Pretende dar ao
praticante força, velocidade, “endurance”, resistência, impulsão, coordenação, etc., etc. No entanto, não se
limita a fazer “bestas esplêndidas”,
ou mesmo “animais racionais” com
uma impecável condição física. É
mais ambicioso: quer ser um fator
de enriquecimento da sociedade
e da cultura, porque reivindica
desenvolvimento para todos; porque
aposta na formação permanente
dos cidadãos, com equidade absoluta; porque se afasta do “panem
et circenses” das turbas massificadas e quer ser um meio de o ser
humano se exercitar no exercício
da liberdade e da solidariedade. No
meu modesto entender, o direito de
igualdade de tratamento, no acesso
à formação e à educação, deve ter
prioridade sobre o direito ao desporto altamente competitivo.
O Desporto em que eu acredito
não é mera educação física, entendida como educação de físicos,
mas motricidade humana, ou seja,
movimento intencional da pessoa
visando em grupo (em equipa) a
transcendência (ou a superação) –
não é por isso contra o espetáculo
desportivo, mas só acredita nele
quando, numa sociedade, a um
campeão do Desporto corresponder
um campeão das Artes, das Letras
e da Tecnociência. Por isso, rejeita
e condena o espetáculo desportivo
de todas as ditaduras (incluindo a
ditadura do Lucro), que serve, única
e exclusivamente, para adormecer
as pessoas à recusa da sociedade
injusta estabelecida. O Desporto
em que eu acredito decorre naturalmente dos Direitos do Homem
e assinala mesmo que o Desporto
só dá saúde numa sociedade onde
tudo seja para todos! A um praticante, com fome (um exemplo) o
30 · Setembro 2013 www.revdesportiva.pt
Desporto faz mal à saúde! A um
praticante, sem formação moral, o
Desporto pode transformar-se num
espaço de violência e de corrupção!
É preciso fundamentar a promoção do desporto na construção de
uma democracia económica, social,
cultural, em poucas palavras: de
uma democracia participativa! Antes
do Espetáculo Desportivo, há muita
coisa a fazer...
Este é o Desporto em que eu acredito: pretende ser educação, lazer,
saúde, reabilitação, alto rendimento.
Mas acredita firmemente que tem
uma função social e política. Ele
sabe que os regimes fundamentalistas, autocráticos e a sociedade
saturada dos mais instantes objetivos do economicismo não trabalham
em prol do Desporto, mas servem-se
dele como mais um meio, e poderoso, de alienação e manipulação do
povo. Com efeito, quando na boca
dos marginais (não há marginais,
há marginalizados pela sociedade
injusta) os resultados desportivos,
designadamente os do futebol,
parecem mais importantes do que a
miséria (material e moral) e a injustiça social – é evidente que o Desporto, nesse País, tem uma função:
esconder aos olhos dos pobres os
caminhos da liberdade e da solidariedade!
Este é o Desporto em que eu
acredito. Para ele, vale mais uma
lágrima humana do que todos os
campeonatos e taças do mundo.
Ele não se ocupa só do estudo dos
meios, esquecendo os fins, e por isso
não tem por si as letras grandes das
páginas dos jornais, nem os noticiários mais escutados da rádio e da
televisão, nem as redes de mundialização mediática. É observado, com
um olhar lateral e suspeitoso, pelos
“novos poderes” que dominam o
mundo. Mas tudo considera instrumental em relação ao ser humano!
Tudo! Para mim, o desporto é sempre uma berrante mentira, quando
nele o Homem não é fim, é simples
meio!
Clinical pilates vs general
exercise for chronic low back
pain: randomized trial
Wajswelner, H. et al. Med Sci Sports Exerc,
44(7), 2012
A dor lombar crónica é responsável
por elevado custo financeiro na saúde
e tem grande impacto social e na
morbilidade. Refere-se, com base em
5 estudos, que a prática de exercício
físico é eficaz na melhoria da dor,
sendo mais benéfico que as terapêuticas passivas, ficando, contudo, por
esclarecer qual a melhor modalidade
de exercício físico. Também existem
dúvidas sobre o tipo de exercício
mais eficaz, se o específico, prescrito
de acordo com a avaliação clínica e
história da lesão, ou se o exercício em
geral, como a marcha, a natação, o
treino resistido e os alongamentos. O
Pilates (ver edição de Maio de 2011)
é “um método de reeducação pelo
exercício e pelo movimento” e “pode
incluir exercícios que se dirigem à flexão e extensão do tronco, ao reforço
muscular abdominal e das costas, e
controlo motor estabilização”.
Neste estudo pretendeu-se averiguar
se a técnica de Pilates resultaria em
melhoria clínica superior (incapacidade, dor e função) em relação a um
programa de exercício mais tradicional. Os participantes (18 a 70 anos
de idade) referiam dores ou rigidez
na região lombar (ligeiro de incapacidade), na maioria dos dias da semana
durante mais de 3 meses (crónico), e
dor> 4 (em 11). O Grupo Pilates (GP)
recebeu programa de acordo com as
suas necessidades / capacidades e
o de exercício (GE) realizou bicicleta
estacionária, alongamentos membros
inferiores, pesos para a parte superior, bola Suiça, etc. O 1.º outcome
foi a dor/incapacidade. Os resultados
revelaram que o GP obteve os mesmos
resultados que o GE no autorrelato de
incapacidade, dor, função e qualidade
de vida em casa que o GE, apesar
de haver uma tendência a favor do
GP (p=0.07), tendo ambos os grupos
referido melhorias significativas
na maioria das avaliações, após 6
semanas e no seguimento posterior.
Concluíram que o exercício, Pilates ou
geral, é eficaz na redução da dor e da
incapacidade e na melhoria da função
dos adultos com dor lombar crónica.